Quantas vezes não nos deparamos com uma situação onde a dúvida é um tanto quanto majestosa. Será que aquele seu amigo é culpado pelo roubo de seu celular na sala de aula ou ele é mais um injustiçado pela maioria? Será que o nosso governador Jackson Lago comprou votos no período eleitoral ou ele é mais uma vítima do clã dos Sarney’s? (Aposto na 1ª opção!!)
Várias informações bombardeiam nossa mente a cada segundo. Culpado. Inocente. O que fazer para provar?!
Estou lendo um livro intitulado “O Grande Desafio” (
Bandeira, Pedro. Ed. Ática, 2006). Nele, um garoto chamado Toni descobre que o contador da escola onde estudava havia desviado uma grande importância em dinheiro. O tal contador era uma pessoa boníssima, e ainda por cima pai da garota por quem Toni era apaixonado. O fio principal da história se dá a partir daí. Como provar que seu Afonso não era culpado?! Emocionante é saber que com garra e determinação dá pra se provar tudo sobre todo mundo, mesmo quando temos um sentido afetado.
Ainda não cheguei ao final do livro, mas acredito piamente na inocência do pai de Carla, a tal garota que falei há pouco. Caso contrário avisarei da minha desilusão quanto a história.
Mas na realidade, o livro é apenas uma base para o que quero compartilhar com vocês.
Estava analisando algumas leituras e me deparei com algo muito interessante a respeito do culpado/inocente, do juiz que cada um de nós tem dentro de si.
Muitos de vocês devem conhecer a música Três Lados, do grupo mineiro Skank. A
letra é meio complicada. E a complicação é explicada em parte pelo vocalista e compositor, Samuel Rosa, em entrevista à Revista Mundo Estranho de Outubro de 2006.
Quando indagado por que a canção se chama Três Lados, Samuel responde:
“O título da canção foi tirado da frase de um famoso produtor de cinema que dizia: ‘Existe o meu lado, o seu lado e a realidade’. Cada um defende a sua verdade.”
E pensando bem, isso é fato. Nos exemplos citados acima, cada cabeça pensante tem um julgamento. Metade pode achar que o pequeno ladrão de celular realmente “capou” o aparelho e a outra metade é totalmente contra a generalização apressada, e o chama de inocente: “Eu não acredito que este jovem foi capaz de tamanha atrocidade.”
Mas, e a realidade?! Ninguém, a não ser o verdadeiro culpado (ou inocente) sabe o que realmente aconteceu. Por isso, exatamente por isso, tudo tem três lados.
Escolhemos um lado sem se importar se ele é o certo ou não. Apenas escolhemos. Vamos com a maioria. E, às vezes, a escolha pode se tornar irreversível e a culpa, em nós mesmos. Talvez isso explique o “não sabe/não opinou” das pesquisas de intenção de voto!!
E você?! Já decidiu de qual lado vai ficar?