segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Métodos Marckosianos de ver a vida (4)

Não adianta. Por mais que eu tente, não vou conseguir escrever qualquer outra coisa sem antes falar do ano que está terminando. E já que o “Métodos Marckosianos de ver a vida” foi feito justamente para isso, aqui estou eu mais uma vez pra descontar nessas rápidas linhas as minhas observações, as minhas angústias, as minhas alegrias e os meus apontamentos.
 
Começamos por decepção. Tenho consciência de que esse foi o ano em que mais aprendi sobre os dissabores da vida. Decepções amorosas, fracassos estudantis, perdas irreparáveis, cenas insuportáveis. Não me arrependo de ter feito parte de nenhuma delas, mas rezo a cada dia para que meus semelhantes não vivam nada parecido. Afinal, “decepção não mata, ensina a viver!”
 
Depois vieram as trocas. A grande pergunta desse parágrafo é se dá pra viver bem renunciando a algumas coisas. Será que valeria a pena passar todo o meu terceiro ano de cara nos livros e perder o que mais ganhei de importante e precioso nesse ano que foram os meus amigos? Será que dava pra conciliar? Será que eu deveria ter me desprendido antes de ter me apaixonado? Será que eu devo esquecer minhas qualidades e apresentar somente meus defeitos? Algumas respostas vieram com o tempo, mas nenhuma delas me fez desistir.
 
A seguir, minha volta por cima. Olhei para cada rosto que insistia em me classificar como derrotado e fiz valer a pena. Calei a boca de muita gente por aí, fosse por meu empenho, por minha inteligência, por minha alegria ou por minha capacidade de sonhar e continuar acreditando naquele sonho impossível. E sonhei, garantindo com isso a minha maior recompensa de 2009: um novo amor.
 
Nunca tive medo de me apaixonar. Nunca tive medo de olhar pra alguém por quem eu realmente sinto alguma coisa e dizer, olho no olho, um “Eu te amo” sincero. Se não aproveitou, que pena! Eu soube evoluir com isso e ser feliz, apesar de tudo. Eu me tornei alguém melhor, cheio de responsabilidades, é bem verdade, mas responsabilidades que eu busquei pra mim, afinal, por mais que ainda pareça, eu não sou mais criança. Eu sei bem o que quero e pra onde quero levar quem me acompanha!
 
Sei bem que mais tarde, quando eu retornar a esse texto, tudo isso poderá parecer pura bobagem de um jovem adulto. E que seja. Desde quando escrever o que se pensa é pecado? Deixar registrado o que se acha da vida também? Acredito piamente que não. Só não irei deixar de sonhar alto, de traçar planos e objetivos, de contar minhas piadas sem graça, de fazer novos amigos, de descobrir os prazeres do amor fiel e verdadeiro, de conhecer lugares e pessoas novas, de me aventurar (mesmo que seja dentro do meu próprio quarto) e de dar valor a mim mesmo.
 
Que isso sirva de lição às futuras gerações e a mim também. E quer saber? Todas as promessas feitas em vão já perderam a validade. Estou fazendo outras, pensando em quem realmente vale a pena. Que nós tenhamos um 2010 muito melhor que 2009, pra que todos possam dizer com o peito estufado e o hálito quente: esse foi o melhor ano da minha vida!
 
“Façamos, vamos amar” (Chico Buarque de Holanda)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tijolo por tijolo

Sim, ela vive em um conto de fadas, desses que a gente não sabe nem de que maneira começam. Para ela, “Era uma vez” é pura invenção dos autores pra dar início ao sofrimento e à solidão. Não ouve música, não lê livros, esqueceu o gosto e o cheiro do mundo que ela deixou. E chora, quando insistem em olhá-la.

Tudo se resume à exposição das lentes e às lendas que lhe contei. Cada olhar reprovador, cada julgamento, cada pensamento incoerente, tudo isso a afeta de uma maneira que narrador nenhum consegue expressar. É tudo um equívoco. Contam-lhe que todos os ângulos estão errados, mas ela não ouve. Tem medo de voar, por isso arranca as asas de todas as borboletas que vê pela frente, na tentativa inútil de não subir com elas.

E entoa: “Mantenha seus pés no chão quando sua cabeça estiver nas nuvens”

Um dia, ele a encontrou chorando, encolhida no chão sujo, prestes a entregar-se de vez. Queria salvá-la de alguma maneira. Ela queria ser salva. Mas o “felizes para sempre” não veio. O relógio soou meia-noite e a história da princesa encerrava-se ali. Pensou em desistir, mas a única coisa que poderia fazer era voltar pra casa. Ou construir uma nova, tijolo por entediante tijolo, antes que os lobos viessem derrubá-la.

E escrevia: “Mantenha seus pés no chão quando sua cabeça estiver nas nuvens”

O mundo mágico é sempre melhor, quando sua vida real é uma tragédia. Você se camufla em imagens falsas, pessoas falsas, atitudes falsas. E, no final, o mais falso continua sendo você mesmo. Porque se não é real, você não pode abraçar com as mãos, não pode sentir com o coração e eu não vou acreditar. Mas se é verdade, você pode ver com seus olhos, até na escuridão. E na escuridão é onde eu quero estar…

Por isso, pegue sua pá e vamos cavar um buraco, desses bem grandes. E forçaremos, tentaremos, conseguiremos colocar um castelo dentro dele. O seu castelo de medos, de traumas, de opiniões contraditórias. E enterraremos o tal castelo.

E enquanto a ela? Continua entoando e escrevendo por aí: “Mantenha seus pés no chão quando sua cabeça estiver nas nuvens”.

(Texto escrito à partir da letra traduzida de “Brick By Boring Brick” do Paramore)

domingo, 29 de novembro de 2009

Própria Fuga

Eu só queria sumir
Pra um lugar de fogo, de preferência
Queimar, arder todas as minhas angústias
As minhas faltas, os meus medos
Meus deslizes e qualquer outra coisa que me perturbasse

Eu só queria fugir
Fugir pra um lugar de gelo
Morrer de hipotermia, e levar com ela toda a agonia
O desprezo, a falta de razão
E afastar essas lágrimas que caem e as que já caíram

Eu só queria ficar
Enfrentar cada olhar reprovador
Cada criança faminta, cada alegria desmedida
Enfrentar e dizer pra cada uma delas
Que eu sou capaz, que eu quero viver em paz

Mas eu não posso
Me falta coragem, vontade e força
Estou fraco, ligado sem nenhuma voltagem
Vontade, verdade, fugir, desaparecer
E começar tudo de novo
Antes que aquelas palavras saíssem da minha boca.

Marcos Lima

sábado, 21 de novembro de 2009

Contos de Whisky II

Era noite de Natal. Em meio à música, vozes e pessoas, Carolina escolhia ficar só. O oitavo andar poderia ser seu refúgio, desde que ninguém, nada a pudesse perturbar. Não gostava muito de comemorações. Culpa de seus pais, responsáveis por quase todos os traumas e complexos presentes naquela alma. Gostava da noite e queria sair para um lugar tranquilo, onde ela e sua solidão pudessem aproveitar a escuridão como um casal de bêbados dançando e cambaleando sob o luar.

Lembrou-se daquilo que sempre a acompanhava em tempos difíceis. Aproximou-se da adega, pegou o melhor vinho, colocou 3 cubos de gelo em um copo e afogou-se em mágoas. Pensava em sua mãe, histérica e nervosa, espalhando por aí como era infeliz e como desejava morrer naquele segundo. Morrera, arrependida e, por incrível que pareça, feliz. Recordava a brutalidade de seu pai. As surras, as brigas homéricas, as discussões nas sextas-feiras à tarde, os impedimentos... Olhava para trás e não conseguia enxergar algo que tivesse valido à pena. Realmente, nada valia à pena. Hoje, a infeliz era ela, sem carinho, sem perspectiva, sem futuro, sem amor.

Mas tinha o que posso chamar de “instinto defensivo emocional”. Carolina havia se relacionado com 5 homens. Não amou nenhum, justamente porque não sabia – e não sabe, até hoje – o que é o tal do amor. Sexo, nunca fez. Seu corpo pedia, mas a única resposta que ela conseguia dar era o trabalho. Carolina tinha prazer por trabalho. Era uma jovem e bonita mulher refém do trabalho. Não sentia afeto por ninguém, nem mesmo por seu cachorro, que naquela noite de 25 de Dezembro resolvera passear pelas ruas do bairro em busca de atenção. Como ele descera aqueles 8 andares? Deveras desnecessário...

Era instinto porque era subjetivo, exclusivo, pessoal. Era da Carolina. Era defensivo porque a cada nova tentativa e a cada nova decepção, fechava-se em si mesmo deixando para trás qualquer arrependimento que pudesse pensar em ter. Era emocional e autoexplicativo. Fora amada por todos os seus 5 homens, que ao primeiro passo em falso, perdiam aquela linda menina de olhos castanhos escuros, cabelos encaracolados pretos e sorriso no rosto. Dava medo.

Agora, é Ano Novo. Ela sente como se algo realmente novo a estivesse esperando na esquina mais próxima, mas tem medo de descer e descobrir o que é. Estava insegura. Carolina passara uma semana presa em seu apartamento, com medo do mundo e ninguém entendia o porquê. Ninguém mesmo, afinal, Carol, como prefere ser chamada, tem a incrível capacidade de enxergar o brilho perdido das pessoas.

E bebia. Como todos os outros indivíduos que conheço. Pra ter coragem, pra dançar ao som da música mais agitada, pra ter liberdade, pra ficar junto de alguém que nunca imaginaria poder ficar, pra fazer acontecer... Entretanto, é só um pretexto para vencer o medo. A maioria dos ébrios que conheço lembram-se de tudo o que fizeram na noite passada – inclusive o gosto do beijo da pessoa amada. Os desmemoriados, como Carolina, pedem e eu conto tudo o que vejo. O que realmente acontece só você pode me dizer...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Estação Felicidade

Proibiram
Proibiram o meu ser de ser feliz
O teu ser de ser feliz
E o que eu faço?

Te enxergo no escuro ou finjo que não sou eu?
Te espero no futuro ou presente ao lado teu?
O que faço? Me digas, o que faço?

Se não fizeres algo nesse instante, enlouqueço
Desespero e te espero, sincero
E acordo
Puro sonho

Sou feliz. Estou feliz.
És feliz. Estás feliz.
Somos um, apesar de dois
Somos dois, apesar de um
Esse um, que nos faz feliz
E me diz
O que é ser feliz?
Você quer ser feliz?
Me diz:
Já sou feliz
Só contigo, depois de tudo, é que sou e serei - feliz !

Marcos Lima

sábado, 7 de novembro de 2009

Estação Felicidade

É complicado definir felicidade. Para muitos, ser feliz é quase um estilo de vida, algo extremamente necessário para viver bem. Para outros, felicidade está mais associada ao momento do que a algo duradouro. E há os que dizem nunca ter sido felizes. O fato é que todos que tentam explicar esse sentimento vivem ou já viveram uma situação considerada por eles feliz, seja no âmbito familiar, amoroso ou entre amigos. Não há acordo. É ser feliz e pronto, da maneira que lhe julgar conveniente.

Felicidade extremamente necessária. É aquela única e superdifícil de ser alcançada. Nos ataca geralmente nos momentos de tristeza e desilusão. “Eu nunca vou conseguir ser feliz” é a frase que melhor a representa. É a mais comum e a que mais decepciona. Logo, logo, depois de recuperado, você estará rindo à toa e cantando felicidade por aí. Prova de que deixou mentiras pelo caminho. É a mais comum e a mais ineficiente. Não existe tal sentimento na tristeza, por isso não idealizam-se pretensões naquele momento.

Felicidade efêmera. É vista como a do momento, a que deixa marcas, fotos, lembranças, saudade. É a mais sublime, a mais verdadeira. O “Carpe Diem”, pregado pelo Barroco e Arcadismo, é a principal característica desse tipo de felicidade. Aproveitar o momento, rir à toa, amar à vontade, pular, correr, gritar de madrugada na casa da sua melhor amiga e fazer o que quiser estão entre as principais atividades dessa forma de ser feliz. Ao contrário da utopia presente na felicidade eterna, essa tem como maior qualidade o fato de passar e deixar o gosto de quero mais. Queremos mais.

Negação da felicidade. A humanidade vivendo extasiada, em meio a estresse, problemas cotidianos, cansaço e correria. É mais do que aceitável esquecer dos momentos bons que passamos. Mas não dá pra esquecer de tudo. Dizer que você nunca foi feliz é pura conversa fiada de gente estressada. Dizer que a felicidade não existe é ser imediatista demais. Devemos dosar. Felicidade é para ser vivida, não planejada. É inerente ao ser humano e não necessita de aprendizado. Somente a busca por essa sensação é eterna e começa imediatamente após seu fim. É um ciclo. Um ciclo diferente a cada renovação. Vai ver felicidade é isso mesmo: a eterna beleza de ser um brilhante aprendiz.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O que eu queira sentir

És de tudo, por tudo e contudo um sentimento
És perdido, insano, inquieto, vivido
És um sonho, uma honra, um beijo, um pedido
És confuso, catado, ligeiro, perigo

És pequeno, voraz, atento, preciso
És a noite, a tarde, o dia, sentido
És o fogo, a carne, a sombra, um bicho
És de sorte, o maior e mais lindo inimigo

És estranho, não mais que estranho conhecido
És veloz, arrebata, de novo o abrigo
És o som e o barulho, meu novo alento
És temido, impávido, colosso, sentimento.

Marcos Lima

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vampiro, pra que te quero?

Sempre gostei das histórias de vampiro que passavam na televisão. Aqueles caras malvados mordendo o pescoço das mocinhas indefesas, aquelas pérfidas mulheres com uma roupa super justa e um batom cor de fogo, todo aquele mistério em volta da figura do morcego… Tudo isso me fez ser fã de uma literatura conservadora e abominada por muitos, advinda da tal Transilvânia, mesmo nunca tendo lido nenhum livro sobre esses seres sobrenaturais.
 
Mesmo assim, toda vez que ouço o nome “vampiro” me bate uma tremenda curiosidade. Minha esperança é que aqueles seres de outrora apareçam novamente com sua capa longa, bota preta e aqueles dentes super afiados. Na verdade, eu bem que queria ser um deles e descobrir, de uma vez por todas, qual a graça existente em ser um vampiro.
 
Entretanto, o que vemos hoje não é a volta dos seres cruéis do passado e sim o que considero a leva de vampiros politicamente corretos (e modernos). No meu tempo – e isso não faz mais que 10 anos –, um vampiro tinha que, obrigatoriamente, ser do mal e chupar sangue humano. Hoje em dia, a nossa hemoglobina foi simplesmente desprezada e substituída pela dos animais. Edward Cullen, Stefan Salvatore e o Chupa-Cabra são exemplos clássicos do que estou falando.
 
A dieta desses seres – exceto a do Chupa-Cabra -, além de sangue do mundo animal, também inclui uma boa dose de amor. Bella Swan e Elena Gilbert exemplificam o que as autoras das séries “Twilight”, Stephenie Meyer, e “The Vampire Diaries”, L. J. Smith, dizem ser o amor impossível. E o pior é que o tal amor impossível ainda rende boas histórias.
 
Pensando bem, sempre fui a favor dos vampiros tradicionais, malvados e sensuais. Mas o talento dessas autoras em retratar algo à frente de seu tempo é verdadeiramente fascinante. Se não fosse descrever o Edward como o vampiro mais perfeito de todos, “Twilight” teria muito mais a oferecer. Se não fosse a disputa dos dois irmãos, Stefan e Damon, pela bela Elena, “The Vampire Diaries” seria só mais uma historinha idiota esquecida nas últimas prateleiras das melhores livrarias mundiais.
 
Fico feliz quando vejo textos dizendo que nós adolescentes estamos lendo mais. E, sem dúvida, foram enredos como esses que contribuíram em potencial para a melhoria desse índice. Os vampiros voltaram à cena e não me espantaria muito se visse “Vamp” ou “O Beijo do Vampiro” sendo reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo. Afinal, os anos 90 estão de volta, não é mesmo?!

domingo, 18 de outubro de 2009

Contos de Whisky

- Mais um uísque, por favor – pediu o pároco da cidade.
 
Constantino pensava insistentemente no que havia acontecido. Como poderia sua filha ter saído com um rapaz na noite passada? Logo ela, criada para namorar apenas garotas, sair com as amigas e experimentar todas as sensações que somente o mesmo sexo poderia proporcionar. Logo ela, doce e feminina, algo raríssimo naquele lugar. Logo sua filha, a menina mais cobiçada pelas professoras da universidade. Tudo era estranho. Constantino lembrava-se da indecisão de tempos atrás, quando, por descuido do destino, transara com uma forasteira e resolvera aceitar a responsabilidade de ser pai. A mãe de Laura sumira sem dar explicação. Seria praticamente impossível cuidar dos fiéis, sabendo que ele havia pecado. Seu namorado da época pediu explicações e Constantino não sabia como usar as palavras. Os tempos mudaram. Você não vive mais no passado. Hoje a coisa é bem diferente. Essas três frases eram as mais ouvidas pelo padre em todo o vilarejo. E ecoavam.
 
Laura estava feliz. Tinha finalmente feito o que toda garota feia e desarrumada, em seu âmago, queria fazer. Tinha beijado o cara mais namorador da cidade. O rapaz que tinha todos os homens a seu alcance. O homem que queria experimentar algo novo. Celso confessara que desejava fugir com uma mulher para bem longe. Laura queria ser essa mulher. Ir contra tudo e contra todos só pelo prazer da aventura. Já havia ligado para todas as amigas e tentado descrever minuciosamente o sabor de um beijo masculino. Muitas sentiam inveja e, logo, toda a cidade comentava o que a filha do padre havia feito. Laura pouco se importava com a opinião alheia. Queria ser como sua mãe. Aventureira, desmedida, inquieta e fujona. Um exemplo de pessoa naquela época, pelo menos pra ela.
 
Constantino viu Laura sair de casa completamente arrumada e entrar em um carro. Sua filha havia crescido. 17 anos, vestido curto vermelho, maquiagem, salto alto, cabelo solto e um sorriso no rosto só visto quando saíra com sua primeira namorada, há 4 anos. Constantino queria sumir. Não demorou muito para que amigas e ex-namorados fossem consolá-lo. Diziam que era normal pra idade dela, que cientistas já haviam afirmado que a adolescência era o momento certo de decidir sobre a opção sexual. E era tudo tão confuso. Laura não entendia o que Celso queria dizer com aquele “foi só para experimentar”. E todas as promessas da noite de sexta? E todos os beijos, amassos e abraços? Tudo em vão? Parecia que sim. Celso se despediu com um beijo na testa da menina, selando amizade. Estava mesmo disposto a nunca mais vê-la.
 
Laura entrou. Pediu licença, sentou ao lado dos amigos do pai e chorou, copiosamente. Enxugou as lágrimas. Retocou a maquiagem e disse as únicas palavras que conseguia dizer naquele momento:
 
- Mais um whisky, por favor!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gente e máquina

Crescer sem afetar a qualidade de vida da população. Eis o grande desafio das cidades nos últimos anos. A urbanização desenfreada deu origem a diversos problemas na sociedade atual e isso é refletido principalmente no bem-estar de cada indivíduo. As possíveis soluções aparecem todos os dias, mas a falta de vontade política ainda é o grande empecilho desses projetos. E a confusão só aumenta!

Um dos problemas que mais preocupa a população mundial é o aumento exacerbado da frota de veículos nas grandes cidades. A principal causa disso está nos incentivos que a indústria automobilística injetou na sociedade. Ter um carro próprio é muito mais luxuoso do que andar de ônibus pela cidade. E já que a urbanização também contribuiu para o aumento da criminalidade em países em desenvolvimento, andar de carro tornou-se, ainda, muito mais seguro.

Mas qual o problema em ter um automóvel para passear com a família? Muitos, a partir do momento em que todos os seus amigos, parentes e vizinhos também resolvem adquirir um com a mesma finalidade. Entretanto, as facilidades de um carro vão além do passeio de domingo. Durante a semana, a fim de encurtar distâncias, milhares de carros entopem as ruas e avenidas das grandes cidades, causando os já famosos congestionamentos. E o estresse só aumenta!

O bem-estar social diminui, as relações pessoais são prejudicadas, já que não há contato com a coletividade do transporte público, e os governantes se veem presos em uma grande confusão entre gente e máquina. Os problemas são muitos e as soluções até agora apresentadas não resolvem muita coisa. É necessário rever certos conceito e, quem sabe, ser radical em certas atitudes. O futuro do nosso planeta está em nossas mãos e não no volante de uma máquina feita de aço e alumínio.

*Redação feita e corrigida de acordo com os critérios do ENEM 2009.
*Pontuação: 95

domingo, 27 de setembro de 2009

Um ensaio para a vida

Pôr à prova todos os conhecimentos adquiridos durante a vida escolar. Eis a função primordial do vestibular, esse bicho de sete cabeças que há tanto atormenta a vida de jovens e pessoas interessadas em alcançar um futuro melhor. Seja por causa da pressão psicológica exercida pela família e pela escola, seja pela tensão no momento da escolha profissional ou seja por causa da ansiedade nos momentos que antecedem a prova, o vestibular tem toda uma fórmula para deixar qualquer inscrito louco. A concorrência assustadora, as questões dificílimas, a fiscalização carrasca e alguns imprevistos fazem do vestibular um verdadeiro teste emocional, com algumas ressalvas futuras.
 
O prazer de passar em uma prova dessas é inigualável. A família comemora, a escola percebe que todo o trabalho de uma vida não foi em vão, você descobre que é capaz de muito mais do que imaginava e o êxtase do momento toma conta de tudo. Aquela ex-namorada que há muito não fala com você põe o orgulho de lado e vai parabenizá-lo, aquele seu ex-professor que dizia que você não iria passar aparece no churrasco do sábado à tarde, aquele carinha que chamou você de burra na 6ª série vai pedir dicas pro próximo vestibular e por aí vai… Nada foi em vão. Pena que você ainda não passou!
 
O teste emocional começa na saída do local de prova. A questão 33, de acordo com aquele garoto de óculos que tem a maior cara de nerd, não tem alternativa correta. Mas aquela sua amiga que sabe tudo de história jura de pés juntos que a alternativa C é a certa. Puxa vida. Você errou! Pensou em colocar C, mas acabou marcando D no gabarito por achar que Napoleão não havia morrido na Ilha de Santa Helena. Onde estaria o Manoel Carlos em uma hora dessas que não ajudou você?! E a tensão continua…
 
E o vestibular é chato. Já que você não vai conseguir lembrar de tudo o que aprendeu durante a vida, o melhor mesmo é sair decorando milhares de fórmulas de matemática e física para pelo menos acertar uma questão dessas matérias. Sem falar naquela perda de tempo que é marcar gabarito. Por que não deixam simplesmente escrever um X naquele quadrinho? Mas sabe, isso, no futuro, vai mudar…
 
Neste fim de semana, o Ministério da Educação vai colocar em prática a primeira parte do projeto de reestruturação da educação no Brasil. A utilização do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) como forma de seleção para entrada nas principais universidades do país é o primeiro passo para tentar melhorar a situação educacional em nossa pátria. É o fim da decoreba e o começo da exigência por um maior raciocínio crítico dos alunos. Entretanto, não é o fim da tensão, visto que a função desse exame ainda é a mesma do vestibular tradicional: testar o conhecimento adquirido em toda sua vida escolar.
 
O ENEM, que já existe há 10 anos, é complexo, mas nem se compara aos testes de outrora. A resposta tem ligação direta com a pergunta e existe uma contextualização. O aluno esperto é capaz de acertar a questão olhando apenas o enunciado. O Novo ENEM é a solução mirabolante que o governo queria encontrar. O ideal agora é colocar o maior número de pessoas na faculdade e preparar o Brasil para um futuro promissor. Um pequeno passo para o estudante, mas um grande passo para entrar na universidade…

domingo, 13 de setembro de 2009

Lados e opostos

O único lugar vago era aquele, do meu lado
Ela entra, se envolve na lotação
Meus fones de ouvido ecoam a música mais romântica
Ela se aproxima
Paga o que tem que pagar e passa pro meu lado
 
O único lugar vago era aquele, do meu lado
E ela se recusa
Despercebido, olho pela janela
A tarde parece mais azul, meio colorida
Meu lado parece mais cinza, meio desbotado ou coisa assim
 
Sem que eu perceba, chega alguém e preenche aquele vazio me oferecendo um sorriso
Retribuo e descubro
Que nem sempre quem você amou um dia
Quer sentar-se de novo ao seu lado…
 
Marcos Lima

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Morte aos independentes

Mais um feriado sem grandes pretensões. Acordo, faço companhia às visitas da manhã, tomo meu café quente, reclamo da tosse que insiste em me acompanhar e venho pra tela deste computador. As notícias não me impressionam mais. Aquela velha litania dos dias Independentes de outrora só serve pra me frustrar ainda mais. Os canais de TV dão dinheiro a quem provar ser patriota, como se patriotismo precisasse ser provado. Mas será que não precisa? Preocupante…
 
Sabe, às vezes me pego pensando se sou realmente independente. Apesar da pouca idade e da assombrosa responsabilidade que me recai, vejo que, embora tenha liberdade em vários aspectos, ainda são os outros quem pensam por mim. E não é questão de ter a cabeça fraca ou coisa assim. Os outros pensam e agem antes que eu possa dizer sim ou não, refletindo em minhas atitudes mais pessoais. E descubro, através de mim mesmo, que não tenho - nem nunca terei - a independência que um dia conquistaram.
 
Dom Pedro deveria ter pensado mais antes de sair gritando às margens de um rio qualquer. De que adiantou fazer todo esse alarde se a liberdade de um povo não se concretiza com a fala de um único homem? Até Eugène Delacroix representa melhor a autonomia do que esse imperadorzinho tarado do século retrasado. É cada uma que nos aparece. Um português metido a herói, com pinta de Don Juan, mas um tremendo cafajeste. Espera, e se eu fosse Dom Pedro? E se o Brasil ainda fosse uma monarquia e estivéssemos lutando há 509 anos por uma independência econômica, social e política?! Vejamos o que posso fazer…
 
Já que não moro com meu pai, receberia o trono de minha mãe, a Rainha Maria Serrate. Por ter 17 anos, acredito que uma camaradagem de um parente qualquer me colocaria no poder antes da hora, como já aconteceu por aqui. O Primeiro Ministro seria o Lula, pelo seu ótimo desempenho como chefe de Estado, apesar dos pesares. Os governadores e prefeitos ficariam como estão – culpa dos eleitores. Minha esposa seria escolhida através de um concurso pela internet. Tudo o que eu estivesse fazendo seria postado no Twitter oficial de Dom Marcos pela minha assessora bonitona, com quem eu teria um caso.
 
O acesso à Universidade seria através do Novo Exame Imperial do Ensino Médio – o NEIEM. A reforma ortográfica, a descoberta do pré-sal, a corrupção no Senado e a morte de Michael Jackson seriam anunciados por um grito de três palavras em rios diferentes. “Hífen ou acento” no Rio Solimões, AM; “Sal ou petróleo” no Rio do Sal, DF; “Sarney ou nada” no Rio Maranhão, DF e “Black or white” no Rio Negro, AM!! A televisão transmitiria o “Big Brother Imperial” e  “A Fazenda Imperial”, sendo que os vencedores levariam pra casa o prêmio de um milhão de réis, que valem mais do que dinheiro. E eu só sentado em meu trono vendo um Estado Laico se desenvolver sem discussões acaloradas entre a Globo e a Record.
 
Esse seria o Novo Brasil Império, bem mais moderno, tolerante e não menos diferente. Para os que não sabem, de 30 em 30 anos é realizado um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo do Brasil. Em 1993, a República Presidencialista conseguiu uma vitória esmagadora sobre a Monarquia Parlamentarista, aqui retratada. Em 2023 teremos uma nova chance de mudar esse quadro, para melhor ou para pior. Não sei ao certo se sou a favor da República ou da Monarquia – não vejo muita diferença. O fato é que, caso as propostas desse sistema de governo se adequem às necessidades do povo, é óbvio que optarei por ele, assim como faço e farei em todas as eleições.
 
O Brasil tem mesmo essa dualidade, essa necessidade de escolha. O brasileiro é dúbio e eu continuo sendo dependente dessa ambiguidade. Se nem cantar o hino nacional estamos sabendo, imagine andar com nossas próprias pernas em um país cheio de diferenças e segregações. Das duas, eu prefiro a morte…
 

domingo, 16 de agosto de 2009

Amor ou amizade?

Há uns 3 anos, comecei a escrever a história de Patrícia, uma adolescente de 14 anos cheia de dúvidas e impressões sobre o mundinho em que vive. Criada por mãe solteira, Patrícia passa por tudo o que uma garota da sua idade costuma passar: brigas em casa, romances na escola, afirmação da amizade, descoberta da sexualidade, etc. Uma verdadeira novela…

E, na realidade, era isso que essa história deveria ser – uma novela. Com capítulos curtos escritos à mão em um caderno, durante sábados e sábados à tarde, ao som de rock e ao embalo de uma rede, “Meu Mundo” traz em si uma espécie de conflito entre o que eu sou e o que eu imagino que poderia ser. Além disso, a história tem como pano de fundo principal algo que há muito vem me perturbando: o que vale mais, o amor ou a amizade?!

Por muito tempo, me perguntei quem leria “Meu Mundo” primeiro. Prometera a mim mesmo que seria um amor, mas ficava me indagando quanto à amizade. Será que alguém especial do meu ciclo de amigos não deveria ter a oportunidade de saber o que eu penso de verdade antes de todo mundo? Ou será que um amor verdadeiro mereceria mais compartilhar algo tão íntimo? Na verdade, passei a procurar sustentar o amor à partir de amizades, até escolher alguém pra ler essa história sem sentido nenhum.

Se ela gostou, até hoje não sei. Nem sei se teve tempo de ler, se guardou em sua gaveta perfumada ou se deixou amarelar com o tempo. Descobri que não queria alguém que apenas lesse a história, mas que a discutisse comigo, deitada em uma rede debaixo de um pé de manga. Mas ela não o fez. Hoje, por causa dos meus grandes defeitos, não sobrou nem amor nem amizade e somos apenas passado um do outro. Enquanto isso, Patrícia está parada no tempo com 16 anos de idade, prestes a conhecer alguém que ela vai julgar ser seu verdadeiro amor. E como a gente julga…

Sabe, acho que tá na hora de eu parar de julgar as pessoas. Aceitar certas verdades inescapáveis - como diz Filtro Solar –, procurar magoar menos, crescer e aprender a ser feliz, como me receitaram essa noite. Descobrir de uma vez por todas o porquê de cada atitude minha e refletir sobre elas antes de cometê-las. E evitar que quem esteja do meu lado também a cometa.

Portanto, amor e amizade são dignos de reflexão. Ser amigo de verdade é, acima de tudo, sentir amor pelo outro. Amar de verdade é saber dar valor à uma amizade, não importa a duração dela. Eu amo, amei e vou sempre amar aqueles que um dia eu considerei meus amigos, mesmo que eles fujam da minha presença – e mesmo que essa fuga tenha sido ocasionada por mim mesmo. Se eu magoei, peço desculpas. Decerto, aprendi. Mas me decepcionei um bocado – comigo e com os outros.

E volto à frase de Dave Coelho, um outro amigo que eu perdi por conta própria: “Seus amigos só são seus verdadeiros amigos porque conseguiram a proeza de te aguentar”. Hoje, admiro ainda mais os que tentaram me entender e me aguentar, mas que desistiram no meio do caminho por medo da mágoa ou por terem sido magoados demais. Amizade vale muito mais. E eu só descobri isso quando perdi meus amores amigos…

*Texto dedicado à “menina do pra sempre” e à “Dona Casmurra”

domingo, 9 de agosto de 2009

Martírio do acaso

Se acaso me ouvisse, me veria íntegro
Me veria esquivo, me veria mudo
Se acaso me quisesse, sentiria medo
Viveria esquiva, e veria tudo
 
Se acaso fosse embora e sentisse pena
Se acaso fosse embora, sem toda aquela cena
Se acaso fosse eu, não me perdoaria
Se acaso fosse só, apenas não me quereria
 
Mas o acaso não veio
O sonho se desfez em mil pedaços
O risco, o ódio, a distância, a tal da implicância
Já não tenho fogo, já não tenho chama
Já não tenho fato de quem me ama
Sumiram
Largaram-me no melhor dos meus casos
Já não tenho jeito, eu não tenho nada
Só me restou o acaso…
 
Marcos Lima

sábado, 1 de agosto de 2009

Sedução

Cedo são a noite, o verbo, o espelho e a vergonha
Cedo são a dúvida, o carma, a alma, estúpida
Cedo são desejos, cedo são romances
Cedo são pessoas, cedo são amantes

Sedução que passa, sedução que fica
Sedução tão lúcida, sedução ilícita
Sedução carnal, sedução amiga
Sedução fiel, parte da minha vida

Quisera eu fugir da doce sedução
Quisera eu agora respeitar meu coração
Quisera eu você, dizendo sim, dizendo não

E alheio ao acaso e sem comparação
Respeito tua surpresa, teu susto, tua paixão
Coisa de adolescente, imaturo, tentando ser feliz...

Marcos Lima

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Doce Pecado

Dia perfeito. Meu filme preferido iria estrear mais uma de suas continuações. Combinei de ir ao cinema com uma amiga, a Marcela. Chegar cedo, enfrentar toda aquela fila e ser uma das primeiras a contemplar essa estreia. Minha ansiedade era tanta que nem consegui dormir direito. Aproveitei a noite em claro para escolher o look que eu iria vestir. Uma calça jeans nova que havia comprado na semana anterior, uma blusa rosa com uma alça super fofa e um salto preto super alto. Falei com Marcela no msn e ela disse que iria me esperar cedo na fila do cinema com seu namorado. O meu odiava aquele filme e preferia ficar em casa fazendo nada. Custava ele provar que gostava de mim de verdade e fazer essa força de me acompanhar? Enfim. Estava solteira naquela quarta-feira. Depois de enfrentar fila, gritar e me descabelar feito uma louca, finalmente entrei na sessão. Caramba, o filme foi perfeito. Marcela não assistiu nada. Ficou o tempo inteiro provando a saliva de Pablo e confesso que fiquei com um pouquinho de raiva por não poder fazer isso com André, naquele momento. Ao sair da sala, eis que me surge um menino alto, de mais ou menos 20 anos, barba por fazer, cabelo bagunçado, perguntando displicentemente o que eu havia achado do filme. Senti-me íntima e comentei horrores sobre a história. Fernando me olhava nos olhos e parecia acompanhar com atenção cada palavra dita por mim. Fomos tomar sorvete e ele me confessou uma coisa. Disse que já vinha me fitando desde a hora em que cheguei ao cinema e que não sairia dali se não fizesse uma coisa.
 
Na cabeça de toda garota de 17 anos, só passa uma coisa em um momento desses: “Esse garoto vai me beijar”. Que nada. Fernando puxou um colar do bolso e colocou em meu pescoço. Achei super estranho aquilo, mas foi muito melhor do que trair meu namorado. Eu queria ver como o colar havia ficado e pedi que Fernando me acompanhasse até o banheiro. Fomos lá e eu senti algo estranho em meu corpo. O colar havia ficado maravilhoso, mas meu corpo parecia estar diferente. Meus seios haviam aumentado, meu cabelo estava mais liso e eu sentia uma confiança tremenda em mim mesma. O que aquele garoto havia feito comigo? Não sabia explicar, mas eu precisava ter aquele cara imediatamente do meu lado. Sentia-me na necessidade de me entregar inteira a ele. Retoquei a maquiagem, saí do banheiro e lá estava ele me esperando, com aquele olho claro me olhando dos pés a cabeça. “Você está linda. Acompanha-me?!” “Claro, amor. Só se eu fosse a mulher mais burra da face da Terra para não acompanhá-lo.” Ele riu. Pegou em meus braços e sussurrou em meu ouvido tudo o que eu precisava ouvir naquela noite: “Você agora é toda minha” Era a única certeza que eu tinha. Marcela havia me ligado e eu a ignorei, dizendo que não poderia ficar mais. Fomos embora daquele aglomerado. Éramos só nós dois dentro daquele belo carro preto. Eu me sentia fraca, dominada e ele sempre com aquele olhar sedutor, me despindo com os olhos. Chegamos à sua casa. Sem acender as luzes, ele disse que tinha uma surpresinha. Trouxe-me um bombom e ordenou que eu o colocasse na boca. Obedeci imediatamente e senti o melhor gosto que já havia sentido em toda minha vida. Fernando havia me enfeitiçado e agora eu era sua escrava. Sem enxergar nada, comecei a me despir e pedir que ele me beijasse. E o colar sempre ali, me dizendo que aquela era a hora certa.
 
Fernando tinha o beijo mais gostoso que eu já havia experimentado e, com certeza, seria o homem perfeito para me fazer mulher. Quando estava só de calcinha, senti mãos frias passeando pelo meu corpo, uma boca beijando minha nuca e sussurrando as palavras mais sedutoras já ditas. Meus seios eriçavam. Meu corpo estava arrepiado e eu pronta para me entregar àquele garoto desconhecido, que gostava de tudo o que eu gostava e sabia de todos os meus pensamentos, inclusive de meus desejos mais íntimos. Seu sexo era gostoso de pegar. Não sabia ao certo o seu tamanho, mas ele se encaixava perfeitamente ao meu. Era como se tivesse sido feito pra mim. De repente, senti meu pescoço ficar tenso e mais arrepiado. Havia sido mordida por um vampiro e não podia reagir por causa do colar, que me aprisionava. E eu gozava feito uma vadia. Transamos em todos os cômodos da casa. Chamava-o de ‘meu mestre’ e ele retribuía com agradáveis mordidas em meu corpo. Esqueci que tinha amigos, escola e família. Acordei perturbada com a luz do sol e em casa. Era dia da estreia do meu filme preferido, justamente um filme de vampiros. Pelo menos eu sabia o que vestir: a mesma calça jeans que havia comprado na semana anterior, o salto preto que me deixava sexy e aquela blusa rosa com decote. E pouco me importava se agora eu era uma vampira ou não. O importante era que aquele dia seria perfeito. E só…

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meu primeiro porre

O som antigo de Lobão ecoava por todo aquele local escuro e fétido. Todas as almas daquele lugar pareciam alcançar um estágio depois do transcendental. Era um barulho alto, um cheiro de bebida insuportável e a ardente vontade de se permitir ir além. Seis lances de escada pareciam separar a Terra do Inferno. E as luzes de um banheiro apertado anunciavam que ali algo de muito estranho aconteceria.
 
Uma janela entreaberta era a única alternativa para quem desejasse ver a noite. Aliás, como seria aquilo pela manhã? Será que todos os bichos se escondem e dão espaço à limpeza ou limpeza é o último substantivo pensável naquele plano? Eu não sei. Só sei que naquela sexta tudo que eu desejava era um gole do conhaque mais ardente. Eu precisava sanar toda a minha agonia, todos os meus escrúpulos de adolescente em um copo pequeno de bebida estranha.
 
Eu precisava também de uma mulher. Não uma mulher estranha que eu pudesse encontrar ali. Eu precisava de uma mulher estranha que me encontrasse naquele lugar e me fizesse perceber o quão bom e prazeroso era estar naquele Inferno. Eu precisava de pessoas. Não pessoas estranhas que eu encontrasse ali, mas sim pessoas estranhas que me levassem até aquele lugar e pudessem dividir comigo aquela agonia.
 
O primeiro gole era estranho, tão quanto aquele lugar. Sensações de desconhecido e reconhecido entrelaçadas, gosto amargo de algo inominável, risos e caretas. As línguas que insistiam em se tocar, o corpo que insistia em relaxar, a música que insistia em dominar a mente. Era tudo o que eu sempre quis, de um jeito que eu não sabia como seria.
 
O segundo era mais ameno. A sensação de tranquilidade já tomava conta de todo o meu ser. Era uma paz diferente, a paz de estar no Inferno. Os corpos começaram a se tocar, os olhos fitavam partes precisas daquela mulher e a vontade de ir além daquele além era crescente. O banheiro. Munido de toda a proteção aparente e com uma coragem que só a bebida pode dar, lá se foi aquele casal, não sem antes beber mais uma e tragar mais um outro. O empurrão na parede, a mordida no pescoço, as palavras sacanas e o fim de um tabu.
 
O tempo passava e tudo o que eu consigo me lembrar é que eu não me lembro de mais nada. Pessoas pareciam dar tchau, pareciam reclamar que já era tarde, pareciam me ajudar a descer do carro, pareciam me dar sermões e me jogarem debaixo do chuveiro, pareciam adormecer… O outro dia era consequencia. Nada mais importava. Era o meu primeiro porre, a minha primeira sensação de não ser aceito no céu e a minha primeira paz de espírito. Tudo ao som de um rock psicodélico, ejaculado na velocidade terrível da queda.

sábado, 18 de julho de 2009

Paralelas

O dócil menino era um santo. Vivia nos cantos a reclamar dos percalços e da solidão, quase sempre cheio de gente por perto. Era insatisfeito. Tinha 17 anos e já vivia como se fossem 117. Era sempre muito paciente. Passava uma segurança insegura de dar inveja a qualquer vigia ou coisa assim. Estava sempre disposto a ajudar, mesmo que soubesse que depois não seria ajudado, que voltaria à solidão e que seria só mais um dentre os milhões de só mais uns. Mas se conseguissem zangá-lo...

A doce menina era louca. Vivia intensamente como se o dia fosse acabar antes das 24 horas usuais. Andava por toda a cidade distribuindo alegria e sorrisos sinceros por onde passava. Apesar de namorar, de ter um milhão de amigos e de ser a melhor em tudo o que fazia, achava que faltava alguma coisa. Era insatisfeita. Tinha 117 anos e vivia como se tivesse 17. Não era muito paciente, não ajudava ninguém e vivia trancada em seu mundinho, em seu quarto, em sua máquina de escrever moderna.

Os dois nunca se encontraram. Viveram anos e anos de agonia. Um dia, em um sonho dela, ele apareceu, na sombra da saída do cinema, com uma gente estranha do lado. Nem a olhou. Ele acordou. Sentiu que tinha vivido a noite mais bem vivida de toda sua vida. E só. Apaixonado e inconstante, como eu...

Marcos Lima

domingo, 12 de julho de 2009

Mil e uma primaveras

Eu nunca fui muito de ir à aniversários. Carrego comigo duas hipóteses: ou o aniversariante esquece de me convidar ou realmente ele não vai com minha cara. Já perdi as contas de quantas comemorações eu deixei de ir simplesmente porque não fui convidado. Cara, e de amigos tão próximos… Mas vai entender. Pelo menos aqueles em que fui me renderam boas histórias e que gostaria de compartilhar, agora, com vocês.
 
Pra ser sincero, o último aniversário com bolo e tudo mais em que estive presente foi no ano passado, nos 15 anos de Juliana. Eu poderia falar uma porção de coisas da festa, mas vou me reservar a duas que me marcaram como ser humano crasso que sou. Alguém aí já terminou o namoro em um dia e no mesmo dia foi flertar com outra pessoa? Nesse dia, eu fiz isso. Tinha terminado um namoro conturbado e queria ficar com uma amiga da aniversariante que – adivinhem – estava de salto. Dia desses eu tento explicar melhor esse meu fetiche por salto alto, mas tudo bem… Resumindo, ela tinha um fica e eu acabei dançando! E por falar em dançar, a festa tinha uma baladinha (que não estava lá essas coisas, confesso) e acabaram me convidando pra “balançar o esqueleto”. Mas eu preferi ir, com um outro amigo, buscar salgadinhos pras meninas. Sento, coloco uns 300 salgadinhos em cima da mesa, olho pro lado e todo mundo havia sumido. Quando a tia da aniversariante surge do nada e manda a frase da noite: “Dançar que é bom ninguém quer, mas comer…” Ok, esse parágrafo ficou gigante; fim do aniversário de Juliana.
 
E como me esquecer do melhor aniversário em que já fui? Foi tudo tão perfeito. E não foi pelo simples fato de ser um sábado à noite. Diria que o conjunto da obra foi o seu maior diferencial. Não foi uma festa chique; os convidados é que tinham um brilho diferente no olhar. Era aniversário da filha de um dos melhores professores que já tive, Marcus Vinícius. Agora, imaginem: docinhos, música infantil dos anos 80, gente bonita, receptividade, sensação de estar em família mesmo sendo apenas aluno do pai da aniversariante… Tudo isso junto me dá uma saudade daquele tempo. E acho que só vou sentir isso de novo quando estiver casado e com um filho completando 1 ano de idade.
 
Pois bem. Se eu consegui eleger o melhor, também consigo contar qual foi o pior aniversário de toda a minha vida. Michael Jordan errou feio quando me convidou pra ir àquela festa. Um bolo do Homem Aranha, que na hora em que foi servido veio mais com estampa do personagem do que com cobertura, um pessoal se arrumando de última hora, morcego nos pés de fruta. Agora, dizer que o aniversário foi ruim porque aconteceu no quintal seria injusto, até porque o de Belinha, a filha do professor, também aconteceu em uma área livre como a da festa dele. Mas que é o cúmulo deixar o rádio ligado na pior emissora da cidade a noite inteira só tocando forró e pagode, isso é. Custava comprar uns CD’s? Custava, visto que o aparelho que tocava esse tipo de mídia só veio chegar no fim da festa, quando eu já estava indo embora – graças a Deus. Sinceramente, eu espero que ele não leia esse texto nunquinha!
 
Pra terminar, queria falar do último “niver” em que fui. Nessa semana, uma das minhas melhores amigas, Isabel Moraes, fez 16 anos. Não teve todo aquele aparato, um monte de mesas cobertas com toalhinhas coloridas e nem uma porção de gente cochichando e fingindo se importar com quem está trocando de idade. Mas são exatamente esses os aniversários a que dou mais valor. As comemorações que só os amigos de verdade participam, as missas antes de um “coquetel” qualquer (que paradoxo!), as brigas pelo controle da TV, a falta de energia no melhor da festa, as idas à uma lanchonete em uma parte distante da cidade, as idas à uma pizzaria muito depois da data do aniversário, as conversas - na cama - com a namorada da aniversariante (nada ilícito)… Enfim, a presença sincera. Uma forma de dizer um Feliz Aniversário de verdade, sem sorrisos amarelos no rosto ou coisa parecida.
 
Mas se vier a uma comemoração minha, seja do que for, não me traga presentes. Traga um sorriso sincero e um abraço, que o resto eu dou um jeitinho de conseguir, mais cedo ou mais tarde.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Métodos Marckosianos de ver a vida (3)

Desafio. Bem que eu poderia ter deixado pra trás essa palavra, ter evocado um ano bom e parado, pelo menos por um instante, de querer ser um legítimo sagitariano. Achei que desafio fosse o que eu já estava acostumado a ver nos últimos tempos, que, mais cedo ou mais tarde e da maneira mais fácil possível, seriam resolvidos em um piscar de olhos. Me enganei… Mas não me arrependo, e nem por isso deixo de gostar de ser desafiado, posto à prova, mesmo que isso custe minha paciência e um pouco de minhas lágrimas.
 
Posso dizer que o ano começou pra mim depois da morte de meu padrinho. Cara, como eu sofri calado. Pensar que nunca mais eu iria ver uma pessoa que gostava de mim, que fazia meus gostos, que havia me ensinado e deixado lições. Nunca mais mesmo – até porque ele morava longe e nem trazer o corpo pra cá dava. Foi o pior dia da minha vida. Aquela segunda-feira calada, tudo tão rápido. Meus 17 anos traziam agora a responsabilidade de ser o homem da casa, de me virar com a grana do mês, de achar soluções mirabolantes para problemas que a cada dia só pareciam aumentar e de ser alguém na vida…
 
Minha família – minha mãe e minha madrinha – sempre acharam que eu deveria ser da vida o que eu achasse que deveria ser. Confesso que tinha uma quedinha pelo status que a Medicina traz consigo, mas acabei desistindo por causa do medo de enfrentar meus medos. E são tantos medos, minha gente. Porém, no meio disso tudo, despertei que argumentos eu tinha, gostava de política e que sabia usar o poder da retórica pra convencer quem estivesse do meu lado, fosse pra ir ao cinema, pra sair de casa em um sábado à tarde ou para deixar que eu ficasse até tarde na casa de uma amiga. Farei Direito…
 
O grande problema é que pra fazer Direito você precisa passar em um vestibular. Pra quê responder 55 questões de coisas que você não sabe porque está respondendo se só precisa mostrar-se bom em História e Filosofia?! E é aí que 2009 me prega mais uma peça. Passo de sonhador em advocacia pra cobaia do Novo Exame Nacional do Ensino Médio, vulgo NENEM. 180 questões em 2 dias, de manhã e de tarde, fim de semana e com tudo novo - sem decoreba, pelo menos. Um desafio e tanto, hein? Esse eu ainda não venci, mas o farei muito em breve…
 
E os amores, meu povo? Como anda a vida sentimental de vocês? A minha foi um reboliço. Frágil pela perda de um ente querido, conheci uma carioca, pela internet. Engraçada, sensual e que compartilhava os meus mesmos gostos… Mas sabe quando isso não basta e você passa a enxergar que não é aquilo o certo pra você? E a Inspiração? Eu não falei que o tempo da paixão era exatamente o tempo que a gente teve pra se encontrar? Pois é, desencanto. Conhecer o verdadeiro eu de algumas pessoas pode fazer você se afastar bruscamente delas.
 
Amar, só a Deyse. Podem passar 2, 5, 30 anos, eu ainda vou estar consciente de que o meu primeiro amor mesmo, amor desses de ficar gelado no primeiro encontro, de sentir ciúmes a toda hora, de sentir saudades a toda hora, de ser desafiado a toda hora, foi ela quem me proporcionou. Estamos aí entre trancos e barrancos, apesar de não estarmos mais “namorando”, aprendendo a cada dia, sofrendo a cada dia, vivendo a cada dia… Ah, foi com ela também que eu tive a melhor noite da minha vida, que não foi isso que vocês estão pensando, mas que também não conto aqui nem na base da porrada. Aquela sexta-feira estrelada, tudo tão cadenciado…
 
Bem, os amigos. Aprendi que até os meus colegas são meus amigos, só que exercem funções diferentes nessa classificação maluca. Resumindo, existe amigo pra tudo! Inclusive pra dizer que seus problemas são medíocres. Que tipo de amigo é esse? E que tipo de amigo seria eu se não o perdoasse, mais uma vez?! E tem a amiga pra quem eu conto tudo, toda a verdade, toda a vontade e até alguns segredos [!]
 
É como eu falei: somos heróis de nossa própria história. Não deixe que meia dúzia de outros o façam desistir de seus sonhos. Aceite todos os desafios que a vida insistir em impor pra você. Ame. Não se arrependa. Se tem que fazer, vá lá e faça. Mude, que é pra deixar os outros com a boca aberta, mas não mude sua essência. Se divirta. Saia com novos amigos, saia com velhos amigos, saia consigo mesmo. “Enfrente seus medos e viva seus sonhos”, frase que me faz acreditar que deixar de ser pessimista pode ser uma boa, mas que ainda tem muita pedra no caminho, ah, isso tem…

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma? Que diploma?

Agora é lei. Qualquer pessoa que souber dominar a língua portuguesa e quiser emitir algum tipo de informação já é considerada, de fato e direito, jornalista. Acabaram-se anos de formação, estágios em grandes redes de comunicação e, principalmente, a obrigatoriedade do diploma. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que votou contrariamente à exigência do diploma, alega que a Constituição de 1988 e a grande disseminação de blogs pela internet contribuíram fortemente para a derrubada do decreto-lei 972/69, que exigia tal requisito.
 
Mas, na realidade, qual a função de um jornalista? Seria simplesmente organizar suas ideias e repassar informação ou existe algo além disso? Bem, tudo não passa de ponto de vista. Ser jornalista é ter a notícia correndo nas veias; é poder transmitir com imparcialidade um fato, ação corriqueira ou até mesmo algo extraordinário; é saber organizar as palavras, construir argumentos e fazer com que o leitor/ouvinte seja consumido diariamente por novas possibilidades. E olha que nem jornalista eu sou…
 
E como é ponto de vista, fica claro e evidente que ser jornalista também é poder divulgar sua opinião por aí e respeitar a Constituição no que se diz respeito à “liberdade de expressão”. E quantos bons jornalistas, realmente, não estão escondidos Brasil afora? E quantos bons poetas, músicos, jogadores, escritores, artistas… É nesse ponto que o ministro, e todos aqueles que o acompanharam na votação, estão certos.
 
O problema é que parar de exigir diploma é uma afronta principalmente para os estudantes que ralam durante uma vida escolar inteira galgando estabilidade profissional. É um paradoxo. Ou isso ou sair do Terceirão, abrir uma conta no blogspot e ir publicando o que lhe der na telha. Somos imediatistas. Nossos representantes só dão conta da bomba que jogam na população depois que ela estoura. Falta diálogo, falta ouvir mais e fazer menos besteira.
 
E se você pensa que só jornalistas vão sofrer com a decisão suprema do Supremo Tribunal Federal, é melhor rever seus conceitos. O próprio Gilmar já admitiu que outras profissões também sofrerão revogação da exigência do diploma muito em breve. Provavelmente, pra ser médico, você só precisará pegar a tesoura de costura de sua mãe escondida naquela gaveta de madeira, ir de encontro a um paciente qualquer em um desses hospitais públicos sucateados e operá-lo, sem anestesia mesmo, no próprio corredor. Acredito até que seria bem melhor que deixá-lo morrer…
 
E quanto aos blogs, poderíamos estar dando pulos de alegria por aqui porque já teríamos emprego garantido em uma Globo, Record ou CNN da vida… Mas não é bem assim. A esperança em um país mais crítico é o que nos faz estarmos aqui escrevendo e emitindo opinião todos os dias. E se eles não se importam com o que pensa a população, eu pelo menos me importo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Revoluções por minuto

Foi-se o tempo em que revolução era sair nas ruas e reivindicar seus direitos. Hoje em dia somos bombardeados por revoluções, sejam de ideias ou costumes, quase que diariamente. Somos praticamente impostos a nos encaixar nas novas ondas, nas novas modas e viver sob suas custódias. Prisioneiros de um sistema ideológico que necessita de mudanças bruscas a todo momento? Engenheiros de um sistema alternativo para os problemas atuais? Ou apenas humanos?
 
E eis que surge o que o RPM cantava nos anos 80, na música que leva o nome da banda – “Revoluções Por Minuto”: a constante mudança de conceitos gerada pela globalização, ainda em ascensão naquela época. Se o que Paulo Ricardo escrevia em 1984 já fazia sentido, imagine com o contexto atual, em meio a crises, ameaças de bomba e problemas climáticos decorrentes da ganância humana. Só nos resta analisar.
 
“Sinais de vida no país vizinho / eu já não ando mais sozinho”. A Coreia do Norte finalmente mostra do que é capaz, depois de ser menosprezada anos a fio, durante o governo Bush, pela nação americana. Vontade de crescer e aparecer fazem da nação comunista uma ameaça colossal à hegemonia dos EUA e deixam o presidente das boas relações em uma saia justíssima. Um pepinão, hein, Sr. Obama? Ou seria uma bomba de efeito moral?!
 
“Ouvimos qualquer coisa de Brasília / rumores falam em guerrilha”. Quem disser que não quer Lula pela terceira vez na presidência estará mentindo. O presidente neo-populista, apesar de garantir que nem cogita a possibilidade de mudar a Constituição Federal, é a única opção para o PT continuar nas cabeças. Dilma Rousseff, apesar de toda a confiança depositada, parece despreparada e dificilmente agradará eleitores conscientes. Ou isso ou aumentar o mandato para mais dois anos, quando se faria uma nova eleição – dessa vez, geral – para mudar de uma vez por todas aquilo a que denominamos ‘política’ nesse país bagunçado.
 
“Fulano se atirou da ponte aérea / não aguentou fila de espera / apertar os cintos / preparar pra descolar”. O problema da aviação brasileira em pleno século 21. Resolução imediata do imbróglio ou todo mundo que viaja de avião não assistirá nem as eliminatórias da Copa de 2014. E como se não bastasse, acordamos recentemente chocados com mais um acidente aéreo de terríveis proporções no território brasileiro. Tudo bem que dessa vez a culpa pode ser dividida com a França, que comemora o seu ano no Brasil. Mas o que nos garante se amanhã um acidente com um TAM, um GOL ou qualquer outro não abalará nossas estruturas. E ficamos a ver navios na fila de espera do avião…
 
“Nos chegam gritos da Ilha do Norte / ensaios pra Dança da Morte / tem disco pirata / tem vídeo cassete até”. Tudo bem que vídeo cassete ninguém usa mais, mas atenção! A crise que assola o mundo vem dos EUA, localizado na tal Ilha do Norte, assim como o vírus da gripe suína – aqui bem representado pela Dança da Morte, livro de Stephen King que conta a história do fim do mundo a partir de um vírus que destrói a raça humana. Algo bem simplório e que, ao contrário dos anos 80, traz consigo medidas e tecnologias suficientes para evitar problemas mais graves.
 
E se a China continua bebendo Coca-Cola e se ainda cheiram cola aqui na rua, isso é problema do Estado: globalizado e omisso. Pensando bem, é problema de todos nós. Cobrar dos nossos “representantes” e bater na mesma tecla sempre, que eles estão lá por causa de nosso voto. E se isso não bastar, vá às ruas. Não é isto que eles querem: revoluções por minuto?!

domingo, 31 de maio de 2009

Maio

Confesso que nunca fui de fazer um balanço do mês que se passou. Se fui, foi por pouco tempo e lá no início da minha pré-adolescência, quando o clipe “My Happy Ending” da Avril Lavigne, por exemplo, era um dos primeiros dos ‘Top 10’ da televisão. Talvez deixei isso de lado pelo simples fato de ser difícil elencar o bom e o ruim de todos os meses, algo parecido com um compromisso obrigatório. Mas que esse Maio teve algo de peculiar, ah, isso teve...

Além de formalizar um quase casamento de ideologias idênticas, diferentes e complexas (leia-se: namoro), Maio me fez perceber o quanto mulheres de verdade têm o seu valor. Mulheres perfeitas não precisam ser perfeitas. Basta que o conjunto da obra te faça perceber o quão bom é estar com elas e entender que os defeitos delas são suas próprias qualidades.
 
Maio me fez refletir. O que realmente eu quero da vida? Será que devo me preocupar tanto com algo que sempre atormenta e sempre atormentará o pessoal da minha idade (leia-se: vestibular)? Será que não é hora de estabelecer uma meta e correr atrás daquela conquista? Ou será que ser realista é visualizar o mundo através do senso comum?
 
Maio me fez não desistir. Entender que é realmente aquilo que você quer e estar preparado para todas as experiências possíveis não é tarefa fácil. Deve-se estar bem consigo mesmo. Ter hombridade suficiente para olhar para trás e não se arrepender de nenhuma palavra dita, de nenhuma ação praticada ou de nenhum carinho desmedido.
 
Maio não me deu descanso. Mostrou que discussões, pitis e afins só fazem a relação, seja de amor, amizade ou os dois juntos, crescer. Afinal, como diabos vou saber se aquela pessoa é minha amiga de verdade se ela não aguentar todos os trancos e barrancos de um sagitariano? O mês cinco mostrou também que viver cansa, e viver cansado do cansaço de alguém é coisa muito pior. Nos resta suportar cada desafio, cada tarefa a fim de alcançar toda luz.
 
Mas Maio me ensinou muito mais – e através de músicas. Contou a história da queda, algo que é como “o desespero vermelho de um apocalipse luminoso”, me fez perceber o quanto Chico Buarque é metódico e ensinou que eu poderia usar alguém, do jeito que eu quisesse, mas que isso seria um perigo para minha própria felicidade. Maio foi um bom professor. Junho jamais será igual a ele, nem que queira. E já que é pra ser assim, mensagens subliminares na letra do vídeo abaixo. A vocês, um bom mês de Junho e muito juízo nessa cabecinha. Senão vem a Coreia do Norte e põe tudo a perder…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Rabiscos II

E Ele continua andando
Parece segunda
O relógio insiste em dizer que já não há mais tempo
Ainda resta

Ela, agora ao lado dele
Sofre
Mas ama, des-ama e re-ama
Ele, ainda Ele, mesmo que de um novo jeito,
Erra
E para, dispara e repara

Nada do que um diz é capaz de consolar o outro
Tudo o que eles dizem é capaz de reparar os erros
A semana se passa
A terça vem chegando e Ela...
Ah, Ela. Sem tempo pra dizer TE AMO !

terça-feira, 19 de maio de 2009

Prosa e Poesia

Dias nublados como hoje me fazem perceber o quanto realmente a vida é bela. Me fazem perceber que, apesar de ontem ter sido apenas um dia que passou e que o futuro não é mais como era antigamente, tudo ainda tem conserto. Que apesar de fracassar em promessas feitas no início do ano, apesar de sempre imaginar a perfeição e me deparar com ela imperfeita, apesar de buscar algo que eu realmente não sei o que é, tudo ainda pode e deve ter uma nova chance.
 
Os erros que cometemos no caminho, as coisas que abdicamos, os planos que fazemos, nada disso vale a pena se não estivermos dispostos a não se arrepender adiante. Nada disso adianta se não pensarmos no agora como consequência de um passado e causa evidente de um futuro, muitas vezes inconsequente.
 
Mas a culpa é de quem? Não é minha, não é sua e nem é de quem quer que seja. Não existem culpados quando apenas nos deixamos entregar ao destino. Por mais que imaginemos um futuro perfeito, com rosas pelo jardim, crianças felizes brincando por perto, felicidade…, isso tudo é momento. Deixar que o beijo dure, que o tempo cure e que a alma se liberte.
 
E quando nada disso funcionar, rabisque. Exteriorize sua raiva, como diz minha namorada. Não guarde pra si os seus medos, suas vontades, suas verdades. Fale apenas o necessário e surpreenda sempre com um bom segredo. E se o post ficar gigante por causa desses trechos de poesias nunca antes publicadas e que nem nome têm, não faz mal. Aposto que, nem que seja da última, você vai tirar alguma lição. Até qualquer hora…
 
“Ao teu lado, e de longe, sou mais que um amigo
Sou o braço forte do soco do teu inimigo
Sou a parte que não cessa
O brilho que não se apaga
Sou a chama reluzente
Dos teus olhos, sou a lágrima”
 
“Palavras enxugam meus medos
Os medos – quem me dera sanar
Preciso de um ombro amigo
Alguém que me ouça falar
Preciso de ti, minha vida
E em tua estrada poder caminhar
Um sentimento tão bobo
Por que então declarar?
Melhor esquecer essa noite
E tentar parar de sonhar”
 
“Chovia
A chuva, dizem, ou se não disseram, hei de dizer agora
Dá coragem aos homens de bem.
Aproximei-me. Clamei por seu nome
Ela atendeu. Sorriu
Os três segundos mais chuvosos da minha vida
Meu nome, seu nome, e o fim
Chovia…”
Marcos Lima

sábado, 16 de maio de 2009

A tal da coincidência

É como se fosse destino. Cada passo, cada escolha, cada expectativa criada… Tudo isso com um motivo, às vezes bom e às vezes nem tanto. Uma reação em cadeia, que ninguém sabe ao certo onde começa, mas todo mundo sabe bem – e muito bem – onde é que termina. Passo a falar agora dessa coisa que cada vez mais nos acompanha: a tal da coincidência.
 
Imagine que você prepare sua casa pra recepcionar uma visita e essa visita simplesmente demore a chegar. A primeira coisa que surge em sua cabeça é a dúvida: “Por onde andará, será que ainda vem, o que estará fazendo. Cadê a visita?” Logo depois, surge o que os povos convencionaram chamar de impaciência, aliada à vontade intrínseca de desistir: “Vou desarrumar tudo e ir dormir”.
 
Porém, os humanos têm algo especial guardado pra si: a esperança! “Quem sabe mais tarde, daqui a alguns minutos” E eis que a visita chega, cansada de tanto procurar por sua casa, mas com um lindo sorriso no rosto ao ver um velho conhecido. É mais ou menos assim que acontece com nossos amores, nossas mais doces coincidências.
 
Toda uma expectativa é criada. O que seria bom pra você aparece de segunda a sexta em todos os seus sonhos. Nada de pesadelos, nada de regras, a mais perfeita harmonia. Mas a necessidade te faz ter que parar de sonhar e viver sua vidinha, dia após dia, do mesmo jeito, sempre. E é esse mesmo jeito que inicia a temporada das coincidências. O livro comprado em plena segunda-feira, aquela música ouvida todo santo dia, o repúdio a coisas que a maioria das pessoas adora, o medo do passado, o medo do futuro, a paixão silenciosa por lugares estratégicos da cidade e tantas outras pequenas coisas que só passam a importar de verdade quando se tem alguém pra se importar.
 
A coincidência não está sozinha, é alheia ao outro. Faz-se diariamente em dois viés: o seu e o dela mesma. Tem toda uma forma especial de existir e nos faz ficar de boca aberta com sua amplitude. Para alguns é pura sorte; para outros é destino. Não sei ao certo de que se trata, só sei que é complexa e, ao mesmo tempo, satisfatória. E que, nesse momento, nunca havia sido tragado por tantas boas coincidências. Vai ver é meu destino (ou nossa sorte). Mas haveria de ser destino a nossa boa simultaneidade?! Nem sei. Espero que alguém, um dia, me responda.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

No dia em que conheci Mario Prata

Era uma segunda como outra qualquer, a não ser pelo fato do professor de Filosofia/Sociologia falar sobre Zadig, um dos personagens de Voltaire. Dentre outras coisas, comentou sobre a ironia da obra e que nela estava a origem de várias piadas que até hoje o Didi usa em seu humorístico dominical. Renato sempre teve disso, pelo menos pra mim. Usa exemplos de sua vida e cabe aos alunos bons da cabeça e doentes do pé tomar para si alguma coisa.

 
Eis então que me surge uma vontade incomum de ler. Naquele instante era Zadig. Eu precisava de algo pra passar meu tempo, pra rir, e descobrir mais coisas, ganhar mais bagagem, digamos assim. E já que eu tinha de ir ao shopping naquele dia à tarde, nada melhor do que passar na livraria e comprar algum, qualquer um, livro.
 
Já devo ter dito por aqui que eu não era muito de ler. A obra que me resgatou a vontade de ficar preso a um livro, curioso com o que vai acontecer e, praticamente, fazendo parte da história, foi “A Sombra do Vento”. Mais algumas coisas, inclusive aulas dessas matérias que possivelmente iriam me levar ao Direito, fizeram com que eu repensasse minha ideia de que livro dá sono. E não deu outra.
 
Aqui em São Luís, a gente não tem muita opção de shopping: ou é o mais badaladinho ou é o mais tranquilo, mais natureza, ar livre. Confesso que prefiro o Tropical (o mais calmo) e lá fui eu na missão de encontrar o livro perfeito. Ao chegar, me deparo com um horror de obras e meu lado indeciso fala mais alto. O vendedor queria porque queria me empurrar Rubem Braga, mas, ao ver um livro com a capa branca e na iminência de saber o que diabos era uma crônica – confesso que eu não sabia até então –, resisti ao sistema e resolvi dar uma chance a Mario Prata. Aquele livro me chamava e eu não entendia o porquê…
 
Foram as melhores leituras. As que fizeram meu tempo passar melhor, as que mais me fizeram rir, as que me ensinaram muita coisa e as que me deram a chance de permitir que eu amasse de novo. Confesso que fiquei com receio de ler e não gostar, mas nem desisti. Agarrei o livro nos braços, paguei e saí com um sorriso no rosto, um sorriso que só viria se repetir depois que eu entendesse o verdadeiro motivo de “As Cem Melhores Crônicas” tanto me chamarem naquele dia.
 
E só porque eu descobri – o tal motivo e o que é, de fato, uma crônica - é que tentei fazer essa daqui. Se saiu legal eu nem sei, mas que foi de coração, isso foi. Zadik, assim como Crepúsculo e tantos outros, eu nunca li. Mas se tivesse que escolher qualquer livro, escolheria mesmo ficar com um que falasse e lembrasse meu ‘amor só de letras’… E viva o mestre Prata !

domingo, 3 de maio de 2009

Primor

Depois de tudo, a primavera
Depois de todas as decepções, frustrações e tudo mais
Depois dos apertos de mãos
Depois das cantadas, depois do medo, depois do pessimismo
Depois dos filmes, músicas e afins
Depois das de perto, depois das de longe

Depois de tudo isso, uma primavera diferente. Um jeito novo de ver as flores desabrocharem. Gostar de enfrentar os riscos das plantas desconhecidas que agora têm uma nova chance de viver. A vontade de cultivar cada momento daquela primavera. Mesmo quando chove, ter a sensibilidade de fazer com que o sol volte a brilhar e a capacidade de aproveitá-lo. De dizer pra todo mundo que é primavera e ouvir que é típico da idade maravilhar-se com a beleza das flores. Mas generalizam. Mesmo que seja aos 40, maravilhar-se com aquela flor. A mais escondida do jardim, a mais delicada, a mais difícil de manusear e, também, a mais cheia de espinhos. A mais cheirosa, sem a demagogia de um botânico. Querer gritar, bradar, que você pode e deve cuidar daquela flor, pétala por pétala. Fazê-la feliz no verão, no outono, no inverno e em todas as outras primaveras. Porque é dela que você precisa. Ouvir o canto dos pássaros e cantar, insistentemente, junto com eles, que é primavera. Te amo, é primavera! E no mais, cuidar... Fazer dela a mais bela das flores. Para sempre!

Marcos Lima

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eu tenho um sonho

Certa vez, uma amiga me perguntou se eu não tinha sonhos de consumo. Prontamente e com toda a gana de rapaz satisfeito, eu respondi que não, que meu maior sonho naquele momento era passar no vestibular e proporcionar uma vida melhor à minha mãe. Mas será que realmente eu não tenho sonhos maiores do que esse? Ou será que eu simplesmente deixei de acreditar em meus próprios sonhos?
 
Achar que tudo dará errado por causa de experiências mal-sucedidas no passado é normal até certo ponto. Digo isso por experiência própria. Não saber diferenciar o que é pessimismo e o que é realismo pode até te deixar de cama, sabia?! É o futuro namoro que não vai “engatar”, o emprego mais cobiçado que você não tem capacidade pra encarar, a nova escola que você acha que vai odiar… São os complexos que devem ser superados.
 
Toda essa contextualização serve para contar a história da mulher que me deu inspiração pra escrever este texto: Susan Boyle. Pra quem não a conhece, no último dia 11 de Abril, Susan, de 47 anos, foi ao palco do “Britains Got Talent”, uma espécie de Ídolos americano, mostrar seu talento com a música. Por causa de sua idade e por ter dito que seu sonho era “ser uma cantora profissional”, Susan despertou risos de uma plateia acostumada com o estereótipo de que pra ser cantor profissional é preciso jovialidade e outros quesitos que aparentemente ela não tem. Até o metido jurado do programa desacreditou na jovem senhora.
 
Quando começou a cantar “I Dreamed a Dream”, do espetáculo “Os Miseráveis”, Susan encantou o auditório e o júri com sua perfomance. Foi aplaudida de pé e agora é febre em toda a internet. A cantora revelação já tem fãs pelo mundo inteiro. Aqui no Brasil, Miguel Falabella comentou que irá fazer um episódio de Toma Lá Dá Cá, da Rede Globo, inspirado na apresentação de Susan. E agora não há quem tome dela o seu sonho.
 
Acreditar em si mesmo. Esquecer um pouco do que os outros acham ou vão achar de suas atitudes, de suas decisões. Não deixar de sonhar, mesmo que esse sonho pareça infinitamente inalcançável. E seguir em frente…
 
É, eu tenho outros sonhos sim. Sonhos que podem até parecer infinitamente inalcançáveis, mas que por serem meus sonhos não vou deixar que tomem de mim. Não sonhos de consumo ou sonhos que desmereçam os outros sonhos. Porque se tem algo que restou da minha infância, foi a capacidade de sonhar.
 
Para ver o vídeo da Susan, clique aqui.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Agora é a vez do povo !

Chuvas torrenciais, motoristas de ônibus assassinados no final da tarde, idosos se jogando de viaduto às 6 da manhã, ex-governador trancado dentro da sede do governo imitando o Tarso da novela das nove, 258 celulares com uso ilimitado distribuídos para os membros da Casa Civil… Só faltou o Tomás Turbano como secretário da pouca-vergonha, que a essa altura eu já nem sei se é com hífen ou não.
 
Enfim. Esse é o Maranhão, minha gente. Um estado esquecido e que só aparece nos noticiários da Globo quando um governador é cassado ou quando a água invade a casa dos milhões de maranhenses. Já no Youtube…
 
1. Sampaio Corrêa, time de Escol, maior torcida, tradição e futebol... Ah, vá!



2. "As criancinhas estão pedindo..." E nem por isso os seus pais atenderam!



3. "Eu não posso crer que o Sistema Mentira de Comunicação esteja aqui..."



4. O caso do outro... "Eu assisto vocês todo dia, macho!"


5. E fica a dica: nunca trabalhe com microfones em dia de chuva...



Dessa vez eu aprendi a lição. Na falta do que escrever, o melhor mesmo é postar um horror de videos engraçados e esperar a reação dos leitores. E viva o Maranhão!!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Amanhã Transcendental

Gente! Existe todo tipo de gente
Gente que mente, desmente
Não há aquele que não aumente
Temente, doente, inocente
Se finge de surdo só pra ser gente
Se finge de mudo só pra ser gente
E ainda mente que é gente
E a gente, crente, desmente
Pressente ou sente que não é tudo aquilo somente
Isso! Isso é a gente
A gente que ilude, engana, muda com a gente
Vive com a gente, mas sente
Que nada seria possível se vivesse inocente
Só no presente
Vivente ou independente
Acende e vive teu amanhã transcendental.

Marcos Lima

sábado, 11 de abril de 2009

Extremos

Mais uma manhã de sábado. O garoto acorda pronto pra tentar viver sua vidinha normal, com pessoas normais e com atitudes normais. Tenta esquecer o que houve na noite passada, quando tentara, sem sucesso, entender sua futura namorada.
 
Ela acorda distante. Depois de molhar o rosto e tentar entender o que aconteceu naquela madrugada, fica fitando o céu, ainda nublado por causa da última chuva. Escova os dentes, toma um bom banho e tira um momento pra pensar na vida. Desperta a dor. Conversa com a família e depois de algum tempo pega seu notebook e procura em seus contatos seu futuro ex-namorado. Quer falar algo, mas não sabe o que é.
 
Por não saber o que é, o garoto prefere nem se arriscar e, depois de um bom banho pra pensar na vida, fica fitando um outro céu, também cinzento por causa do último temporal. Suas vidas são diferentemente iguais e talvez seja isso que faça os dois serem tão diferentes.
 
Desistir? Se entregar e apenas sentir? Voltar para o começo? Que nada, ele é a razão e ela é a emoção. Um jeito novo de se fazer extremos…

domingo, 5 de abril de 2009

Ok, eu me rendo!

Mais uma vez me rendi às “modinhas” da Internet. Já não bastavam os filmes que todo mundo já viu, aqueles livros que todo mundo já leu e os sites de relacionamento que todo mundo insiste em participar, dessa vez resolvi criar uma conta naquilo que eu julgava ser a coisa mais idiota já vista na web: o tal do Twitter.
 
O Twitter, pra quem ainda não entendeu a dinâmica do negócio, é um microblog, uma espécie de diário virtual como esse aqui, mas com limite de caracteres. Ou seja, você escreve sobre sua vida em seu profile e compartilha com seus followings (seguidores) por meio de até 140 caracteres, algo como metade desse parágrafo. É como se eu dissesse que as crônicas nunca estiveram tão curtas...
 
O grande lance é que você o acha idiota até participar da rede. Depois é puro vício. Ontem, por exemplo, enquanto estava na casa de uma amiga, me senti na mais pura necessidade de postar no microblog. O bom é que o desejo, depois de um tempo, passa, até você sentir mais vontade de ir lá e contar pra todos os seus seguidores o que se passa nessa cabecinha de vento.
 
Gostar do que até ontem eu não gostava tá virando moda. Lily Allen, em seu primeiro CD, era um porre. O segundo eu já ouvi umas 10 vezes seguidas. “Semáforo” da banda Vanguart era a música mais boba que eu já havia ouvido. Hoje já é uma das minhas favoritas. E anteontem, pra completar meu ciclo de inconstância, passei a gostar da banda que meus amigos tanto veneravam: The Last Shadow Puppets.
 
Pra terminar, deixo um clipe da “The Last” e o endereço do meu Twitter, a prova mais concreta de que a internet está muito longe de seu fim: http://twitter.com/MarkosoLima

quarta-feira, 25 de março de 2009

Heróis ao avesso

É inegável a necessidade de antagonistas em nossa vida. Assim como acontece nas novelas, nos deparamos diariamente com situações onde classificar as pessoas em heróis ou vilões se torna cada vez mais essencial para solucionar aparentes problemas. E é justamente por isso que vamos deixando de gostar de alguns protagonistas de sua própria canalhice.
 
A Flora, por exemplo. João Emanuel Carneiro, autor de “A Favorita”, conseguiu em sua novela dar vazão a um tipo clássico de vilão: o vilão boa-pinta. Quem nunca se deparou com uma pessoa aparentemente confiável e no final acabou quebrando a cara?! Flora Pereira era exatamente desse jeito, com uma pitada de classe e arrogância, de deixar qualquer Odete Roitman no chinelo. Parou o Brasil com suas maldades cada vez mais execráveis. E surpreendeu quando achava-se que ela não seria capaz de mais nada. Mas Patrícia Pillar sofreu. Tudo porque não consegue-se desvincular a imagem do vilão a de quem o interpreta. Mal do brasileiro…
 
E isso acontece todos os dias. Já imaginou ser o vilão da novela de alguém? Pois acredite, meu caro, nesse momento seu pior inimigo está pensando em você como sendo o vilão de sua história de luta. Ele é o protagonista, você o antagonista. Assim como agora ele é o vilão e você o mocinho(a) indefeso(a) da sua história de grandes conquistas. Faça-me o favor!
 
Ele o mocinho? Então quer dizer que, dependendo do ponto de vista, o amor é o vilão para o ódio, o doce é o vilão do salgado e Deus é o vilão do Diabo?! Aparentemente é isso, caro leitor. E não há nada que você possa fazer pra mudar isso – nem mesmo tentar ser o melhor amigo do cabra. Resta receitar parcimônia, calma, compreensão e doses excessivas de paciência para com o outro.
 
Salvo casos de alunos superinteligentes que se tornam chatos por se mostrarem sabidos demais. Conviva, só não se aproxime muito deles. A chatice desses indivíduos pode contaminar seu íntimo e torná-lo um novo chato de galocha. E antagonista da novela de mais uma porção de gente.

domingo, 15 de março de 2009

E se eu fosse imaturo?

Bem, já passa das 7 da noite de mais um domingo adolescente da minha vida. E eu ainda continuo sem entender porque ser adolescente é tão difícil. Duvido e aposto como essa história vai muito além de “uma fase entre a infância e a vida adulta”. Duvido que eu saiba o que realmente significa essa fase e aposto como nunca vou saber. Como diria um sábio participante de reality show, “faz parte”!
 
Dizem por aí que a verdadeira beleza das coisas está em não conhecer seu verdadeiro significado, e isso cabe muito bem à tal da adolescência. E a mim também. Nem eu sei ao certo quem sou e isso perpassa uma segurança inigualável a quem convive comigo. Quem me vê firme em determinadas atitudes e decisões nem imagina o quanto imaturo é o garoto que vos escreve. E eu escrevo justamente por isso.
 
Ser imaturo não é ser bobão e sair batendo em todo mundo. Ser imaturo, na maioria das vezes, é não saber ser adolescente. É querer ser adulto, com corpão de garotão e uma mente de criança. É pensar em abarcar o mundo com uma perna só, somando todas as possibilidades sem encontrar nenhum resultado – que lhe satisfaça. Ser imaturo é olhar para o lado e perceber que aquele cara que está namorando a sua melhor amiga tem maturidade suficiente pra namorá-la, enquanto você, que está namorando a sua melhor namorada, não tem nem metade disso.
 
E então?! Em que esquina encontrar o pote da maturidade? Maduro, de acordo com o dicionário, significa “amadurecido, sazonado; prudente, evoluído mentalmente”. Procurando a definição de maturidade, encontrei algo relacionado a perfeição – justamente aquilo que eu tanto procuro e que sei que nunca vou encontrar. Já disse a vocês que faz parte?!
 
É. Não fazer certas coisas porque você é imaturo demais faz parte da adolescência. Reconhecer esse não-amadurecimento faz mais parte ainda. E reconhecer que você carrega a imaturidade consigo é a maior prova de que está deixando pra trás seus medos, suas angústias e caminhando para, quem sabe, tornar-se um adulto maduro. Afinal, isso faz parte de nós, não é verdade?!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Por que Jackson Lago foi cassado?

Para os que ainda não sabem, nosso virtuoso e alegre governador do Maranhão, sir. Jackson Kepler Lago, perdeu o mandato na última terça-feira, depois de uma série de complicações jurídicas e morais perante a população maranhense. Só pra você ter uma ideia, nosso grande amigo conseguiu a façanha de assinar um convênio com o então governador, José Reinaldo Tavares, de 1 milhão de reais em plena praça pública, tudo pra angariar fundos para sua campanha de “eliminação de 40 anos de atraso”.
 
Explico. O pessoal da turma de Jackson acredita piamente que José Sarney, atual presidente do Senado e senador pelo Amapá, é o grande responsável pelo atraso em nosso pobre estado – ou seria estado pobre? Tudo porque a senadora Roseana Sarney, detentora de fato e direito do cargo de governadora, exerceu o mandato por duas vezes em anos anteriores, o que de uma certa forma deixou a oposição com uma pontinha pequenininha de inveja. Somando a primeira vez que José Sarney apareceu na política maranhense, mais as vezes que afilhados políticos do senador ascenderam ao poder e os quase 8 anos que sua filha governou, lá se foram 40 primaveras de grandes obras, grandes convênios e uma pitada considerável de atraso.
 
Não dá pra ser perfeito em tudo, haja vista que todos os que vieram depois de Sarney, inclusive nosso ex-governador, passaram pela aprovação do senador. Agora, responda você, sensível leitor de qualquer um desses 27 estados: Sarney é um adivinho pra ter total controle sobre os atos futuros de seus aliados? Exemplo clássico foi o que aconteceu com o tal José Reinaldo. O carinha era vice de Roseana e quando ela resolveu se candidatar ao Senado, aproveitou o barco e se elegeu governador. Logo depois, em um chilique típico de quem se fascina com o poder, rompeu com a “família Sarney”, aliando-se à então oposição.
 
Se Sarney tivesse o poder de ver o futuro, com certeza tiraria de cena José Reinaldo, e evitaria mais 4 anos de atraso. E é aí que entra Jackson Lago. Não contente com o fato de ser um simples prefeito (isso tá parecendo conto da carochinha), o “cara de maracujá” resolveu deixar a capital suja e mal-iluminada pra tentar a sorte candidatando-se ao governo do Estado. Perdeu por três vezes até conseguir um convênio milionário com a máquina administrativa. Venceu por uma diferença de 98.031 votos, apelando para uma música insuportável que ecoava por todo o estado e que repetia incessantemente seu número de campanha.
 
Acusado de compra de votos e abuso de poder econômico, Lago foi cassado por 5 votos a 2 na madrugada de terça para quarta, após uma sessão no TSE de 6 horas de duração. A defesa do ex-governador ainda pode apresentar recurso contra a decisão do Tribunal e, enquanto isso, Lago continua no governo. Se a defesa, encabeçada pelo brilhante advogado Francisco Rezek, falhar, a senadora Roseana Sarney, mais brilhante ainda, assumirá o cargo imediatamente após a decisão. Vale aguardar o fechamento dessa verdadeira odisseia e esperar que as obras do PAC Rio Anil, a reforma do Castelão e da Ponte José Sarney sejam concluídas no restinho do governo mais atrapalhado da história do Maranhão. E por falar em governo, essas foram as únicas grandes obras em 3 anos de rompimento com o atraso. Problemas com o relógio…

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Silêncio

Tem um bom tempo que eu não paro pra falar em primeira pessoa neste blog. Não sei se é falta de tempo, falta de ideias, falta de assunto... Talvez nem seja falta. Talvez seja tanta coisa pra falar que fica até difícil selecionar uma e escrever só sobre ela.

Pois bem. Dessa vez não pretendo descrever minha doce vida, até porque de doce ela não tem nada. Ou será que tem? Tem, o pior é que tem. Ela é tão doce que eu me lambuzo tanto e acabo virando diabético (no sentido figurado). Não que eu esteja reclamando do fato de minha vida ser doce. Eu coloco açúcar nela todo santo dia. E quando insistem em despejar um punhado de sal, eu vou lá e coloco dois punhados de açúcar, só pra ver em que essa mistura maluca vai dar.

Eu nunca fui bom em química, pelo menos a que nos ensinam na escola. Procuro trazer todo mundo pro meu lado, um lado que eu não sei ao certo se é bom ou se é ruim. Deve ser um lado açucarado - caramelizado, diria. Faço um monte de gente rir, fico sorrindo de mim mesmo e até choro antes de o pior acontecer. E vou sofrendo por antecipação...

Deixei valores para trás. Valores que eu acredito não me servirem mais, talvez agora, nesse momento. Não vou falar que valores são esses, senão me prolongo e só vou terminar de escrever na Quarta-Feira de Cinzas do ano que vem. O que eu tinha de fazer eu fui lá e fiz, sem depender de ninguém pra dizer se aquilo seria bom ou ruim. Só que eu sempre quero mais...

Porém, nem sempre querer mais significa querer tudo. E aquele mais que eu quis um dia hoje é apenas algo qualquer na minha caixa de brinquedos. Uma caixa de brinquedos que sempre que abro me surpreende. Meus amigos brincam com as coisas que estão dentro da tal caixa e eu, por pura falta de egoísmo, deixo. E vou deixando até achar o brinquedinho favorito que não deixarei que ninguém toque.

Fica, portanto, a lembrança de um 28 de um mês atrás. A lembrança de um sorriso de uma semana atrás e a lembrança de um momento único que ainda vou viver. Perdoe você se esse texto ficou pessoal demais. É que eu não tinha nada pra dizer...