quarta-feira, 25 de março de 2009

Heróis ao avesso

É inegável a necessidade de antagonistas em nossa vida. Assim como acontece nas novelas, nos deparamos diariamente com situações onde classificar as pessoas em heróis ou vilões se torna cada vez mais essencial para solucionar aparentes problemas. E é justamente por isso que vamos deixando de gostar de alguns protagonistas de sua própria canalhice.
 
A Flora, por exemplo. João Emanuel Carneiro, autor de “A Favorita”, conseguiu em sua novela dar vazão a um tipo clássico de vilão: o vilão boa-pinta. Quem nunca se deparou com uma pessoa aparentemente confiável e no final acabou quebrando a cara?! Flora Pereira era exatamente desse jeito, com uma pitada de classe e arrogância, de deixar qualquer Odete Roitman no chinelo. Parou o Brasil com suas maldades cada vez mais execráveis. E surpreendeu quando achava-se que ela não seria capaz de mais nada. Mas Patrícia Pillar sofreu. Tudo porque não consegue-se desvincular a imagem do vilão a de quem o interpreta. Mal do brasileiro…
 
E isso acontece todos os dias. Já imaginou ser o vilão da novela de alguém? Pois acredite, meu caro, nesse momento seu pior inimigo está pensando em você como sendo o vilão de sua história de luta. Ele é o protagonista, você o antagonista. Assim como agora ele é o vilão e você o mocinho(a) indefeso(a) da sua história de grandes conquistas. Faça-me o favor!
 
Ele o mocinho? Então quer dizer que, dependendo do ponto de vista, o amor é o vilão para o ódio, o doce é o vilão do salgado e Deus é o vilão do Diabo?! Aparentemente é isso, caro leitor. E não há nada que você possa fazer pra mudar isso – nem mesmo tentar ser o melhor amigo do cabra. Resta receitar parcimônia, calma, compreensão e doses excessivas de paciência para com o outro.
 
Salvo casos de alunos superinteligentes que se tornam chatos por se mostrarem sabidos demais. Conviva, só não se aproxime muito deles. A chatice desses indivíduos pode contaminar seu íntimo e torná-lo um novo chato de galocha. E antagonista da novela de mais uma porção de gente.

domingo, 15 de março de 2009

E se eu fosse imaturo?

Bem, já passa das 7 da noite de mais um domingo adolescente da minha vida. E eu ainda continuo sem entender porque ser adolescente é tão difícil. Duvido e aposto como essa história vai muito além de “uma fase entre a infância e a vida adulta”. Duvido que eu saiba o que realmente significa essa fase e aposto como nunca vou saber. Como diria um sábio participante de reality show, “faz parte”!
 
Dizem por aí que a verdadeira beleza das coisas está em não conhecer seu verdadeiro significado, e isso cabe muito bem à tal da adolescência. E a mim também. Nem eu sei ao certo quem sou e isso perpassa uma segurança inigualável a quem convive comigo. Quem me vê firme em determinadas atitudes e decisões nem imagina o quanto imaturo é o garoto que vos escreve. E eu escrevo justamente por isso.
 
Ser imaturo não é ser bobão e sair batendo em todo mundo. Ser imaturo, na maioria das vezes, é não saber ser adolescente. É querer ser adulto, com corpão de garotão e uma mente de criança. É pensar em abarcar o mundo com uma perna só, somando todas as possibilidades sem encontrar nenhum resultado – que lhe satisfaça. Ser imaturo é olhar para o lado e perceber que aquele cara que está namorando a sua melhor amiga tem maturidade suficiente pra namorá-la, enquanto você, que está namorando a sua melhor namorada, não tem nem metade disso.
 
E então?! Em que esquina encontrar o pote da maturidade? Maduro, de acordo com o dicionário, significa “amadurecido, sazonado; prudente, evoluído mentalmente”. Procurando a definição de maturidade, encontrei algo relacionado a perfeição – justamente aquilo que eu tanto procuro e que sei que nunca vou encontrar. Já disse a vocês que faz parte?!
 
É. Não fazer certas coisas porque você é imaturo demais faz parte da adolescência. Reconhecer esse não-amadurecimento faz mais parte ainda. E reconhecer que você carrega a imaturidade consigo é a maior prova de que está deixando pra trás seus medos, suas angústias e caminhando para, quem sabe, tornar-se um adulto maduro. Afinal, isso faz parte de nós, não é verdade?!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Por que Jackson Lago foi cassado?

Para os que ainda não sabem, nosso virtuoso e alegre governador do Maranhão, sir. Jackson Kepler Lago, perdeu o mandato na última terça-feira, depois de uma série de complicações jurídicas e morais perante a população maranhense. Só pra você ter uma ideia, nosso grande amigo conseguiu a façanha de assinar um convênio com o então governador, José Reinaldo Tavares, de 1 milhão de reais em plena praça pública, tudo pra angariar fundos para sua campanha de “eliminação de 40 anos de atraso”.
 
Explico. O pessoal da turma de Jackson acredita piamente que José Sarney, atual presidente do Senado e senador pelo Amapá, é o grande responsável pelo atraso em nosso pobre estado – ou seria estado pobre? Tudo porque a senadora Roseana Sarney, detentora de fato e direito do cargo de governadora, exerceu o mandato por duas vezes em anos anteriores, o que de uma certa forma deixou a oposição com uma pontinha pequenininha de inveja. Somando a primeira vez que José Sarney apareceu na política maranhense, mais as vezes que afilhados políticos do senador ascenderam ao poder e os quase 8 anos que sua filha governou, lá se foram 40 primaveras de grandes obras, grandes convênios e uma pitada considerável de atraso.
 
Não dá pra ser perfeito em tudo, haja vista que todos os que vieram depois de Sarney, inclusive nosso ex-governador, passaram pela aprovação do senador. Agora, responda você, sensível leitor de qualquer um desses 27 estados: Sarney é um adivinho pra ter total controle sobre os atos futuros de seus aliados? Exemplo clássico foi o que aconteceu com o tal José Reinaldo. O carinha era vice de Roseana e quando ela resolveu se candidatar ao Senado, aproveitou o barco e se elegeu governador. Logo depois, em um chilique típico de quem se fascina com o poder, rompeu com a “família Sarney”, aliando-se à então oposição.
 
Se Sarney tivesse o poder de ver o futuro, com certeza tiraria de cena José Reinaldo, e evitaria mais 4 anos de atraso. E é aí que entra Jackson Lago. Não contente com o fato de ser um simples prefeito (isso tá parecendo conto da carochinha), o “cara de maracujá” resolveu deixar a capital suja e mal-iluminada pra tentar a sorte candidatando-se ao governo do Estado. Perdeu por três vezes até conseguir um convênio milionário com a máquina administrativa. Venceu por uma diferença de 98.031 votos, apelando para uma música insuportável que ecoava por todo o estado e que repetia incessantemente seu número de campanha.
 
Acusado de compra de votos e abuso de poder econômico, Lago foi cassado por 5 votos a 2 na madrugada de terça para quarta, após uma sessão no TSE de 6 horas de duração. A defesa do ex-governador ainda pode apresentar recurso contra a decisão do Tribunal e, enquanto isso, Lago continua no governo. Se a defesa, encabeçada pelo brilhante advogado Francisco Rezek, falhar, a senadora Roseana Sarney, mais brilhante ainda, assumirá o cargo imediatamente após a decisão. Vale aguardar o fechamento dessa verdadeira odisseia e esperar que as obras do PAC Rio Anil, a reforma do Castelão e da Ponte José Sarney sejam concluídas no restinho do governo mais atrapalhado da história do Maranhão. E por falar em governo, essas foram as únicas grandes obras em 3 anos de rompimento com o atraso. Problemas com o relógio…