domingo, 31 de maio de 2009

Maio

Confesso que nunca fui de fazer um balanço do mês que se passou. Se fui, foi por pouco tempo e lá no início da minha pré-adolescência, quando o clipe “My Happy Ending” da Avril Lavigne, por exemplo, era um dos primeiros dos ‘Top 10’ da televisão. Talvez deixei isso de lado pelo simples fato de ser difícil elencar o bom e o ruim de todos os meses, algo parecido com um compromisso obrigatório. Mas que esse Maio teve algo de peculiar, ah, isso teve...

Além de formalizar um quase casamento de ideologias idênticas, diferentes e complexas (leia-se: namoro), Maio me fez perceber o quanto mulheres de verdade têm o seu valor. Mulheres perfeitas não precisam ser perfeitas. Basta que o conjunto da obra te faça perceber o quão bom é estar com elas e entender que os defeitos delas são suas próprias qualidades.
 
Maio me fez refletir. O que realmente eu quero da vida? Será que devo me preocupar tanto com algo que sempre atormenta e sempre atormentará o pessoal da minha idade (leia-se: vestibular)? Será que não é hora de estabelecer uma meta e correr atrás daquela conquista? Ou será que ser realista é visualizar o mundo através do senso comum?
 
Maio me fez não desistir. Entender que é realmente aquilo que você quer e estar preparado para todas as experiências possíveis não é tarefa fácil. Deve-se estar bem consigo mesmo. Ter hombridade suficiente para olhar para trás e não se arrepender de nenhuma palavra dita, de nenhuma ação praticada ou de nenhum carinho desmedido.
 
Maio não me deu descanso. Mostrou que discussões, pitis e afins só fazem a relação, seja de amor, amizade ou os dois juntos, crescer. Afinal, como diabos vou saber se aquela pessoa é minha amiga de verdade se ela não aguentar todos os trancos e barrancos de um sagitariano? O mês cinco mostrou também que viver cansa, e viver cansado do cansaço de alguém é coisa muito pior. Nos resta suportar cada desafio, cada tarefa a fim de alcançar toda luz.
 
Mas Maio me ensinou muito mais – e através de músicas. Contou a história da queda, algo que é como “o desespero vermelho de um apocalipse luminoso”, me fez perceber o quanto Chico Buarque é metódico e ensinou que eu poderia usar alguém, do jeito que eu quisesse, mas que isso seria um perigo para minha própria felicidade. Maio foi um bom professor. Junho jamais será igual a ele, nem que queira. E já que é pra ser assim, mensagens subliminares na letra do vídeo abaixo. A vocês, um bom mês de Junho e muito juízo nessa cabecinha. Senão vem a Coreia do Norte e põe tudo a perder…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Rabiscos II

E Ele continua andando
Parece segunda
O relógio insiste em dizer que já não há mais tempo
Ainda resta

Ela, agora ao lado dele
Sofre
Mas ama, des-ama e re-ama
Ele, ainda Ele, mesmo que de um novo jeito,
Erra
E para, dispara e repara

Nada do que um diz é capaz de consolar o outro
Tudo o que eles dizem é capaz de reparar os erros
A semana se passa
A terça vem chegando e Ela...
Ah, Ela. Sem tempo pra dizer TE AMO !

terça-feira, 19 de maio de 2009

Prosa e Poesia

Dias nublados como hoje me fazem perceber o quanto realmente a vida é bela. Me fazem perceber que, apesar de ontem ter sido apenas um dia que passou e que o futuro não é mais como era antigamente, tudo ainda tem conserto. Que apesar de fracassar em promessas feitas no início do ano, apesar de sempre imaginar a perfeição e me deparar com ela imperfeita, apesar de buscar algo que eu realmente não sei o que é, tudo ainda pode e deve ter uma nova chance.
 
Os erros que cometemos no caminho, as coisas que abdicamos, os planos que fazemos, nada disso vale a pena se não estivermos dispostos a não se arrepender adiante. Nada disso adianta se não pensarmos no agora como consequência de um passado e causa evidente de um futuro, muitas vezes inconsequente.
 
Mas a culpa é de quem? Não é minha, não é sua e nem é de quem quer que seja. Não existem culpados quando apenas nos deixamos entregar ao destino. Por mais que imaginemos um futuro perfeito, com rosas pelo jardim, crianças felizes brincando por perto, felicidade…, isso tudo é momento. Deixar que o beijo dure, que o tempo cure e que a alma se liberte.
 
E quando nada disso funcionar, rabisque. Exteriorize sua raiva, como diz minha namorada. Não guarde pra si os seus medos, suas vontades, suas verdades. Fale apenas o necessário e surpreenda sempre com um bom segredo. E se o post ficar gigante por causa desses trechos de poesias nunca antes publicadas e que nem nome têm, não faz mal. Aposto que, nem que seja da última, você vai tirar alguma lição. Até qualquer hora…
 
“Ao teu lado, e de longe, sou mais que um amigo
Sou o braço forte do soco do teu inimigo
Sou a parte que não cessa
O brilho que não se apaga
Sou a chama reluzente
Dos teus olhos, sou a lágrima”
 
“Palavras enxugam meus medos
Os medos – quem me dera sanar
Preciso de um ombro amigo
Alguém que me ouça falar
Preciso de ti, minha vida
E em tua estrada poder caminhar
Um sentimento tão bobo
Por que então declarar?
Melhor esquecer essa noite
E tentar parar de sonhar”
 
“Chovia
A chuva, dizem, ou se não disseram, hei de dizer agora
Dá coragem aos homens de bem.
Aproximei-me. Clamei por seu nome
Ela atendeu. Sorriu
Os três segundos mais chuvosos da minha vida
Meu nome, seu nome, e o fim
Chovia…”
Marcos Lima

sábado, 16 de maio de 2009

A tal da coincidência

É como se fosse destino. Cada passo, cada escolha, cada expectativa criada… Tudo isso com um motivo, às vezes bom e às vezes nem tanto. Uma reação em cadeia, que ninguém sabe ao certo onde começa, mas todo mundo sabe bem – e muito bem – onde é que termina. Passo a falar agora dessa coisa que cada vez mais nos acompanha: a tal da coincidência.
 
Imagine que você prepare sua casa pra recepcionar uma visita e essa visita simplesmente demore a chegar. A primeira coisa que surge em sua cabeça é a dúvida: “Por onde andará, será que ainda vem, o que estará fazendo. Cadê a visita?” Logo depois, surge o que os povos convencionaram chamar de impaciência, aliada à vontade intrínseca de desistir: “Vou desarrumar tudo e ir dormir”.
 
Porém, os humanos têm algo especial guardado pra si: a esperança! “Quem sabe mais tarde, daqui a alguns minutos” E eis que a visita chega, cansada de tanto procurar por sua casa, mas com um lindo sorriso no rosto ao ver um velho conhecido. É mais ou menos assim que acontece com nossos amores, nossas mais doces coincidências.
 
Toda uma expectativa é criada. O que seria bom pra você aparece de segunda a sexta em todos os seus sonhos. Nada de pesadelos, nada de regras, a mais perfeita harmonia. Mas a necessidade te faz ter que parar de sonhar e viver sua vidinha, dia após dia, do mesmo jeito, sempre. E é esse mesmo jeito que inicia a temporada das coincidências. O livro comprado em plena segunda-feira, aquela música ouvida todo santo dia, o repúdio a coisas que a maioria das pessoas adora, o medo do passado, o medo do futuro, a paixão silenciosa por lugares estratégicos da cidade e tantas outras pequenas coisas que só passam a importar de verdade quando se tem alguém pra se importar.
 
A coincidência não está sozinha, é alheia ao outro. Faz-se diariamente em dois viés: o seu e o dela mesma. Tem toda uma forma especial de existir e nos faz ficar de boca aberta com sua amplitude. Para alguns é pura sorte; para outros é destino. Não sei ao certo de que se trata, só sei que é complexa e, ao mesmo tempo, satisfatória. E que, nesse momento, nunca havia sido tragado por tantas boas coincidências. Vai ver é meu destino (ou nossa sorte). Mas haveria de ser destino a nossa boa simultaneidade?! Nem sei. Espero que alguém, um dia, me responda.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

No dia em que conheci Mario Prata

Era uma segunda como outra qualquer, a não ser pelo fato do professor de Filosofia/Sociologia falar sobre Zadig, um dos personagens de Voltaire. Dentre outras coisas, comentou sobre a ironia da obra e que nela estava a origem de várias piadas que até hoje o Didi usa em seu humorístico dominical. Renato sempre teve disso, pelo menos pra mim. Usa exemplos de sua vida e cabe aos alunos bons da cabeça e doentes do pé tomar para si alguma coisa.

 
Eis então que me surge uma vontade incomum de ler. Naquele instante era Zadig. Eu precisava de algo pra passar meu tempo, pra rir, e descobrir mais coisas, ganhar mais bagagem, digamos assim. E já que eu tinha de ir ao shopping naquele dia à tarde, nada melhor do que passar na livraria e comprar algum, qualquer um, livro.
 
Já devo ter dito por aqui que eu não era muito de ler. A obra que me resgatou a vontade de ficar preso a um livro, curioso com o que vai acontecer e, praticamente, fazendo parte da história, foi “A Sombra do Vento”. Mais algumas coisas, inclusive aulas dessas matérias que possivelmente iriam me levar ao Direito, fizeram com que eu repensasse minha ideia de que livro dá sono. E não deu outra.
 
Aqui em São Luís, a gente não tem muita opção de shopping: ou é o mais badaladinho ou é o mais tranquilo, mais natureza, ar livre. Confesso que prefiro o Tropical (o mais calmo) e lá fui eu na missão de encontrar o livro perfeito. Ao chegar, me deparo com um horror de obras e meu lado indeciso fala mais alto. O vendedor queria porque queria me empurrar Rubem Braga, mas, ao ver um livro com a capa branca e na iminência de saber o que diabos era uma crônica – confesso que eu não sabia até então –, resisti ao sistema e resolvi dar uma chance a Mario Prata. Aquele livro me chamava e eu não entendia o porquê…
 
Foram as melhores leituras. As que fizeram meu tempo passar melhor, as que mais me fizeram rir, as que me ensinaram muita coisa e as que me deram a chance de permitir que eu amasse de novo. Confesso que fiquei com receio de ler e não gostar, mas nem desisti. Agarrei o livro nos braços, paguei e saí com um sorriso no rosto, um sorriso que só viria se repetir depois que eu entendesse o verdadeiro motivo de “As Cem Melhores Crônicas” tanto me chamarem naquele dia.
 
E só porque eu descobri – o tal motivo e o que é, de fato, uma crônica - é que tentei fazer essa daqui. Se saiu legal eu nem sei, mas que foi de coração, isso foi. Zadik, assim como Crepúsculo e tantos outros, eu nunca li. Mas se tivesse que escolher qualquer livro, escolheria mesmo ficar com um que falasse e lembrasse meu ‘amor só de letras’… E viva o mestre Prata !

domingo, 3 de maio de 2009

Primor

Depois de tudo, a primavera
Depois de todas as decepções, frustrações e tudo mais
Depois dos apertos de mãos
Depois das cantadas, depois do medo, depois do pessimismo
Depois dos filmes, músicas e afins
Depois das de perto, depois das de longe

Depois de tudo isso, uma primavera diferente. Um jeito novo de ver as flores desabrocharem. Gostar de enfrentar os riscos das plantas desconhecidas que agora têm uma nova chance de viver. A vontade de cultivar cada momento daquela primavera. Mesmo quando chove, ter a sensibilidade de fazer com que o sol volte a brilhar e a capacidade de aproveitá-lo. De dizer pra todo mundo que é primavera e ouvir que é típico da idade maravilhar-se com a beleza das flores. Mas generalizam. Mesmo que seja aos 40, maravilhar-se com aquela flor. A mais escondida do jardim, a mais delicada, a mais difícil de manusear e, também, a mais cheia de espinhos. A mais cheirosa, sem a demagogia de um botânico. Querer gritar, bradar, que você pode e deve cuidar daquela flor, pétala por pétala. Fazê-la feliz no verão, no outono, no inverno e em todas as outras primaveras. Porque é dela que você precisa. Ouvir o canto dos pássaros e cantar, insistentemente, junto com eles, que é primavera. Te amo, é primavera! E no mais, cuidar... Fazer dela a mais bela das flores. Para sempre!

Marcos Lima