Desafio. Bem que eu poderia ter deixado pra trás essa palavra, ter evocado um ano bom e parado, pelo menos por um instante, de querer ser um legítimo sagitariano. Achei que desafio fosse o que eu já estava acostumado a ver nos últimos tempos, que, mais cedo ou mais tarde e da maneira mais fácil possível, seriam resolvidos em um piscar de olhos. Me enganei… Mas não me arrependo, e nem por isso deixo de gostar de ser desafiado, posto à prova, mesmo que isso custe minha paciência e um pouco de minhas lágrimas.
Posso dizer que o ano começou pra mim depois da morte de meu padrinho. Cara, como eu sofri calado. Pensar que nunca mais eu iria ver uma pessoa que gostava de mim, que fazia meus gostos, que havia me ensinado e deixado lições. Nunca mais mesmo – até porque ele morava longe e nem trazer o corpo pra cá dava. Foi o pior dia da minha vida. Aquela segunda-feira calada, tudo tão rápido. Meus 17 anos traziam agora a responsabilidade de ser o homem da casa, de me virar com a grana do mês, de achar soluções mirabolantes para problemas que a cada dia só pareciam aumentar e de ser alguém na vida…
Minha família – minha mãe e minha madrinha – sempre acharam que eu deveria ser da vida o que eu achasse que deveria ser. Confesso que tinha uma quedinha pelo status que a Medicina traz consigo, mas acabei desistindo por causa do medo de enfrentar meus medos. E são tantos medos, minha gente. Porém, no meio disso tudo, despertei que argumentos eu tinha, gostava de política e que sabia usar o poder da retórica pra convencer quem estivesse do meu lado, fosse pra ir ao cinema, pra sair de casa em um sábado à tarde ou para deixar que eu ficasse até tarde na casa de uma amiga. Farei Direito…
O grande problema é que pra fazer Direito você precisa passar em um vestibular. Pra quê responder 55 questões de coisas que você não sabe porque está respondendo se só precisa mostrar-se bom em História e Filosofia?! E é aí que 2009 me prega mais uma peça. Passo de sonhador em advocacia pra cobaia do Novo Exame Nacional do Ensino Médio, vulgo NENEM. 180 questões em 2 dias, de manhã e de tarde, fim de semana e com tudo novo - sem decoreba, pelo menos. Um desafio e tanto, hein? Esse eu ainda não venci, mas o farei muito em breve…
E os amores, meu povo? Como anda a vida sentimental de vocês? A minha foi um reboliço. Frágil pela perda de um ente querido, conheci uma carioca, pela internet. Engraçada, sensual e que compartilhava os meus mesmos gostos… Mas sabe quando isso não basta e você passa a enxergar que não é aquilo o certo pra você? E a Inspiração? Eu não falei que o tempo da paixão era exatamente o tempo que a gente teve pra se encontrar? Pois é, desencanto. Conhecer o verdadeiro eu de algumas pessoas pode fazer você se afastar bruscamente delas.
Amar, só a Deyse. Podem passar 2, 5, 30 anos, eu ainda vou estar consciente de que o meu primeiro amor mesmo, amor desses de ficar gelado no primeiro encontro, de sentir ciúmes a toda hora, de sentir saudades a toda hora, de ser desafiado a toda hora, foi ela quem me proporcionou. Estamos aí entre trancos e barrancos, apesar de não estarmos mais “namorando”, aprendendo a cada dia, sofrendo a cada dia, vivendo a cada dia… Ah, foi com ela também que eu tive a melhor noite da minha vida, que não foi isso que vocês estão pensando, mas que também não conto aqui nem na base da porrada. Aquela sexta-feira estrelada, tudo tão cadenciado…
Bem, os amigos. Aprendi que até os meus colegas são meus amigos, só que exercem funções diferentes nessa classificação maluca. Resumindo, existe amigo pra tudo! Inclusive pra dizer que seus problemas são medíocres. Que tipo de amigo é esse? E que tipo de amigo seria eu se não o perdoasse, mais uma vez?! E tem a amiga pra quem eu conto tudo, toda a verdade, toda a vontade e até alguns segredos [!]
É como eu falei: somos heróis de nossa própria história. Não deixe que meia dúzia de outros o façam desistir de seus sonhos. Aceite todos os desafios que a vida insistir em impor pra você. Ame. Não se arrependa. Se tem que fazer, vá lá e faça. Mude, que é pra deixar os outros com a boca aberta, mas não mude sua essência. Se divirta. Saia com novos amigos, saia com velhos amigos, saia consigo mesmo. “Enfrente seus medos e viva seus sonhos”, frase que me faz acreditar que deixar de ser pessimista pode ser uma boa, mas que ainda tem muita pedra no caminho, ah, isso tem…