terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vampiro, pra que te quero?

Sempre gostei das histórias de vampiro que passavam na televisão. Aqueles caras malvados mordendo o pescoço das mocinhas indefesas, aquelas pérfidas mulheres com uma roupa super justa e um batom cor de fogo, todo aquele mistério em volta da figura do morcego… Tudo isso me fez ser fã de uma literatura conservadora e abominada por muitos, advinda da tal Transilvânia, mesmo nunca tendo lido nenhum livro sobre esses seres sobrenaturais.
 
Mesmo assim, toda vez que ouço o nome “vampiro” me bate uma tremenda curiosidade. Minha esperança é que aqueles seres de outrora apareçam novamente com sua capa longa, bota preta e aqueles dentes super afiados. Na verdade, eu bem que queria ser um deles e descobrir, de uma vez por todas, qual a graça existente em ser um vampiro.
 
Entretanto, o que vemos hoje não é a volta dos seres cruéis do passado e sim o que considero a leva de vampiros politicamente corretos (e modernos). No meu tempo – e isso não faz mais que 10 anos –, um vampiro tinha que, obrigatoriamente, ser do mal e chupar sangue humano. Hoje em dia, a nossa hemoglobina foi simplesmente desprezada e substituída pela dos animais. Edward Cullen, Stefan Salvatore e o Chupa-Cabra são exemplos clássicos do que estou falando.
 
A dieta desses seres – exceto a do Chupa-Cabra -, além de sangue do mundo animal, também inclui uma boa dose de amor. Bella Swan e Elena Gilbert exemplificam o que as autoras das séries “Twilight”, Stephenie Meyer, e “The Vampire Diaries”, L. J. Smith, dizem ser o amor impossível. E o pior é que o tal amor impossível ainda rende boas histórias.
 
Pensando bem, sempre fui a favor dos vampiros tradicionais, malvados e sensuais. Mas o talento dessas autoras em retratar algo à frente de seu tempo é verdadeiramente fascinante. Se não fosse descrever o Edward como o vampiro mais perfeito de todos, “Twilight” teria muito mais a oferecer. Se não fosse a disputa dos dois irmãos, Stefan e Damon, pela bela Elena, “The Vampire Diaries” seria só mais uma historinha idiota esquecida nas últimas prateleiras das melhores livrarias mundiais.
 
Fico feliz quando vejo textos dizendo que nós adolescentes estamos lendo mais. E, sem dúvida, foram enredos como esses que contribuíram em potencial para a melhoria desse índice. Os vampiros voltaram à cena e não me espantaria muito se visse “Vamp” ou “O Beijo do Vampiro” sendo reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo. Afinal, os anos 90 estão de volta, não é mesmo?!

domingo, 18 de outubro de 2009

Contos de Whisky

- Mais um uísque, por favor – pediu o pároco da cidade.
 
Constantino pensava insistentemente no que havia acontecido. Como poderia sua filha ter saído com um rapaz na noite passada? Logo ela, criada para namorar apenas garotas, sair com as amigas e experimentar todas as sensações que somente o mesmo sexo poderia proporcionar. Logo ela, doce e feminina, algo raríssimo naquele lugar. Logo sua filha, a menina mais cobiçada pelas professoras da universidade. Tudo era estranho. Constantino lembrava-se da indecisão de tempos atrás, quando, por descuido do destino, transara com uma forasteira e resolvera aceitar a responsabilidade de ser pai. A mãe de Laura sumira sem dar explicação. Seria praticamente impossível cuidar dos fiéis, sabendo que ele havia pecado. Seu namorado da época pediu explicações e Constantino não sabia como usar as palavras. Os tempos mudaram. Você não vive mais no passado. Hoje a coisa é bem diferente. Essas três frases eram as mais ouvidas pelo padre em todo o vilarejo. E ecoavam.
 
Laura estava feliz. Tinha finalmente feito o que toda garota feia e desarrumada, em seu âmago, queria fazer. Tinha beijado o cara mais namorador da cidade. O rapaz que tinha todos os homens a seu alcance. O homem que queria experimentar algo novo. Celso confessara que desejava fugir com uma mulher para bem longe. Laura queria ser essa mulher. Ir contra tudo e contra todos só pelo prazer da aventura. Já havia ligado para todas as amigas e tentado descrever minuciosamente o sabor de um beijo masculino. Muitas sentiam inveja e, logo, toda a cidade comentava o que a filha do padre havia feito. Laura pouco se importava com a opinião alheia. Queria ser como sua mãe. Aventureira, desmedida, inquieta e fujona. Um exemplo de pessoa naquela época, pelo menos pra ela.
 
Constantino viu Laura sair de casa completamente arrumada e entrar em um carro. Sua filha havia crescido. 17 anos, vestido curto vermelho, maquiagem, salto alto, cabelo solto e um sorriso no rosto só visto quando saíra com sua primeira namorada, há 4 anos. Constantino queria sumir. Não demorou muito para que amigas e ex-namorados fossem consolá-lo. Diziam que era normal pra idade dela, que cientistas já haviam afirmado que a adolescência era o momento certo de decidir sobre a opção sexual. E era tudo tão confuso. Laura não entendia o que Celso queria dizer com aquele “foi só para experimentar”. E todas as promessas da noite de sexta? E todos os beijos, amassos e abraços? Tudo em vão? Parecia que sim. Celso se despediu com um beijo na testa da menina, selando amizade. Estava mesmo disposto a nunca mais vê-la.
 
Laura entrou. Pediu licença, sentou ao lado dos amigos do pai e chorou, copiosamente. Enxugou as lágrimas. Retocou a maquiagem e disse as únicas palavras que conseguia dizer naquele momento:
 
- Mais um whisky, por favor!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gente e máquina

Crescer sem afetar a qualidade de vida da população. Eis o grande desafio das cidades nos últimos anos. A urbanização desenfreada deu origem a diversos problemas na sociedade atual e isso é refletido principalmente no bem-estar de cada indivíduo. As possíveis soluções aparecem todos os dias, mas a falta de vontade política ainda é o grande empecilho desses projetos. E a confusão só aumenta!

Um dos problemas que mais preocupa a população mundial é o aumento exacerbado da frota de veículos nas grandes cidades. A principal causa disso está nos incentivos que a indústria automobilística injetou na sociedade. Ter um carro próprio é muito mais luxuoso do que andar de ônibus pela cidade. E já que a urbanização também contribuiu para o aumento da criminalidade em países em desenvolvimento, andar de carro tornou-se, ainda, muito mais seguro.

Mas qual o problema em ter um automóvel para passear com a família? Muitos, a partir do momento em que todos os seus amigos, parentes e vizinhos também resolvem adquirir um com a mesma finalidade. Entretanto, as facilidades de um carro vão além do passeio de domingo. Durante a semana, a fim de encurtar distâncias, milhares de carros entopem as ruas e avenidas das grandes cidades, causando os já famosos congestionamentos. E o estresse só aumenta!

O bem-estar social diminui, as relações pessoais são prejudicadas, já que não há contato com a coletividade do transporte público, e os governantes se veem presos em uma grande confusão entre gente e máquina. Os problemas são muitos e as soluções até agora apresentadas não resolvem muita coisa. É necessário rever certos conceito e, quem sabe, ser radical em certas atitudes. O futuro do nosso planeta está em nossas mãos e não no volante de uma máquina feita de aço e alumínio.

*Redação feita e corrigida de acordo com os critérios do ENEM 2009.
*Pontuação: 95