quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Diálogo entre o Ser e Estar

Quem disse que os verbos não podem dialogar entre si? Quem falou que verbos não discutem de vez em quando? Quem determinou que verbo não tem vida? Quem? Quando? Onde? Por quê? Essas tais palavrinhas carregam uma carga emocional enorme. E de quem é a culpa? Seria da letra r, responsável, regular e rotineira? Ou seria do a, da angústia, do e, do estado de espírito, ou do i de impotência? Não sei, nunca soube nem desejaria saber.

Imagine sua vida sem verbos. Opa! Calma lá. Não daria pra imaginar. Imaginar não existiria. Assim como sonhar, querer, almejar, desejar... Todas as suas vontades seriam jogadas no lixo, simplesmente por causa da falta de um meio para se expressar. Não quero ser tão radical, mas não daria, também, pra ver, ouvir, falar, sentir ou cheirar. Resumo esse parágrafo com uma constatação com certeza já feita por você, leitor atento: não daria pra viver!

E viver, no fundo, no fundo, é o que todos queremos. Queremos o sabor dos sonhos, da vitória, do amor, da amizade, do carinho, do respeito. Queremos ser qualquer coisa e estar em qualquer lugar - mesmo não podendo ser qualquer coisa ou estar em qualquer lugar. Ser e estar se tornam coisas totalmente distintas – e eu não consigo entender o porquê de um único verbo em inglês possuir dois significados em português (to be = ser ou estar).

Se você está apaixonado, obrigatoriamente, tem que ser uma pessoa apaixonada. Não dá pra fingir paixão ou apenas estar sentindo algo fora de sua personalidade. Se você nunca foi alguém assim e agora está sentindo isso corroer suas veias, considere-se, sim, uma pessoa apaixonada, pois o simples fato de sentir a paixão uma vez já o torna alguém com essa qualidade. Ser assim mantém acesa a chama do amor, a curiosidade, o desejo pelo novo ou a simples continuidade do viver. Você está por um tempo. Você é pra sempre.

E vão construindo telhados. Conversas fazem do verbo um ser mais forte. Um ser que está sempre presente, sempre preocupado em deixar sua marca e nunca se sentir inútil. O fato é que ele sempre terá utilidade. Como as pessoas, sempre em busca de crescer, evoluir, sentirem-se necessárias para os outros – ou para si mesmas. Alguns fracassam, eu sei, mas por pura falta de resistência. Ou vocês acham que os verbos não ficam tristes, cabisbaixos e arrasados com construções do tipo: “Oi, tudo bem?”, “Ui!”, “Opa!”, “Calma lá!”...

Na vida de um verbo, dá pra ser verbo sempre, mas sempre estar em movimento, mudando de acordo com o contexto ou com a necessidade. Na vida de um homem, dá pra ser homem sempre, mas sempre estar em movimento, mudando de vida, buscando o novo, enfrentando os problemas, se adaptando de acordo com o contexto ou com a necessidade. Talvez por isso Deus tenha criado o verbo depois da luz, para que pudéssemos enxergar toda sua plenitude com olhos de alguém que é o que é e que está sempre disposto a cada dia melhorar.

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