quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Senhor dos 22

E, de repente, acordei com 22 anos de idade. Planos traçados, pessoas ao redor, gente completamente desconhecida aos 18 e que agora não imagino viver longe... É como se cada erro do passado pudesse convergir em um único ponto, fazendo você finalmente perceber que foi preciso passar por tudo aquilo para ser alguém melhor hoje um dia. Em síntese, uma boa pessoa, entre percalços do dia a dia e defeitos essencialmente humanos. Faço-me adepto do exercício do autorretrato, do procurar erros em mim que eu nem sabia que existiam, sempre precisando de uma ajudinha exterior. Vejamos.

Não sou alguém fácil. Por mais sociável que eu seja, quem me conhece de verdade sabe dos meus pontos fracos, das minhas inquietudes e dos meus medos. Extremamente recorrentes, esses medos são resultado de uma boa dose de passado glorioso e limitações pontuais. Sem queixas, longe de mim. Acho até que esses medos me ajudam em alguns momentos, pois, sem eles, eu não conseguiria que pessoas corajosas me fizessem enxergar tanta falta de coragem. Frouxo é aquele que não vai à batalha hora nenhuma. Minha coragem se resume em partir para a guerra no momento oportuno. Mas até a estratégia do mais sublime herói deve ser repensada de vez em quando.

Carrego preconceitos. Assim como uma boa parcela da população brasileira, tenho lá meus pré-julgamentos. Todos sabemos que somos resultado do nosso passado, da nossa experiência de vida, do nosso meio cultural. É “aceitável” que enxerguemos com outros olhos algo estranho ao nosso convívio. O que entendo como inaceitável é conformar-se com essa situação. Como já disse, sou do tipo que precisa de um “empurrãozinho” para enxergar certas coisas e, ultimamente, tenho visto que muitos preconceitos meus não têm sentido em permanecer aqui comigo depois de tanto tempo. Feliz daquele que tem a hombridade de reconhecer seus erros e ir em busca de uma solução precisamente eficaz.

O novo me assusta. Mudar sempre demanda tempo e desprendimento, é assim pra todo mundo. Mas acontece que a novidade sempre me assusta de uma maneira maluca. Acho que é esse prazer por controle nas mãos, por ser dono do seu próprio eu, que faz com que eu seja assim. Mas também estou propenso a mudar. Tenho trabalhado de forma a enxergar a novidade como uma extensão do que já existia, afinal, como ela o é. Entendo que nada é por acaso e tudo está concatenado de uma forma ou de outra. O nosso futuro, portanto, não é completamente desconhecido.

Romantizo demais a vida. Cada amanhecer é uma oportunidade para recomeçar e aprender coisas novas. Faz-se necessário estar disposto a aprender sempre. Ouvir novas histórias, descobrir horizontes e apaixonar-se pela vida a cada dia é uma forma saudável de viver bem consigo e com as pessoas de seu convívio. Claro que é preciso moderação. Romantizar demais no mundo cruel que vivemos hoje é ter a certeza de que iremos nos machucar. Essa lição eu já aprendi. Mas não me privo de acordar, fugir do meu mundinho e ir viver. Lá fora está a maior fonte de aprendizado que alguém pode ter: a vida. Tente. Eu tenho tentado e estou tentado a continuar tentando tentar.

No mais, apesar de querer moderar minha exposição ao escrever, sempre chego à conclusão de que tem gente precisando ler um ou dois parágrafos amigos, com o mínimo de experiência possível. O Senhor do Tempo agora tem 22 e está cheio de novos motivos para acreditar que isso é o certo a fazer. Mesmo que o paradoxo da falta de tempo insista a me abater, farei como tenho feito com todos os meus problemas: resolverei o mais rápido possível. De preferência, antes de dormir.

Por amor às causas perdidas...

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