sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sobre escrever o futuro...

Parece que a gente perde o tino e escrever se torna a mais difícil das tarefas. A vida adulta bate à porta e, às vezes, é só você contra você mesmo, sem papel, caneta ou teclado pra registrar o dissabor causado pelo tal dos 20 e poucos anos. Faculdade, amizades estremecidas, namoro, trabalho. A infância nunca fez tanta falta e a vontade de voltar para o útero da mãe só aumenta em meio a tanta confusão. Ser adulto é difícil, mas ser ninguém é pior!

Na verdade, tudo isso é uma fase. Tão clichê quanto espalhar por aí o “vai passar”, dizer que toda essa perturbação mental é uma fase ajuda na caminhada. É justamente agora que a semente do futuro começa a ser plantada. Para aqueles que, assim como eu, acreditam que a educação é a chave para uma transformação de vida, investir em uma formação técnica ou superior, capaz de preparar você para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, onde só os melhores garantem seu lugar ao sol, é de fundamental importância. A luta é hercúlea e os benefícios, muitas vezes, só chegam a longo prazo. E então bate o desânimo.

“Nada dá certo na minha vida” e “onde é que aperta pra eu estar formado e ganhando bem?” têm sido os mantras da minha geração, cada vez mais imediatista – e onde eu me incluo, certamente. Mas não nos afobemos não, que nada é pra já, como diria o poeta. Com o peso da pouca idade, vamos aprendendo a viver um dia de cada vez, tentando absorver o máximo de informação possível, aliada a uma boa dose de noção de vida, o que, na melhor das hipóteses, nos garante uma boa qualificação profissional e um livro mental de autoajuda, bem útil naqueles momentos de problemas e solidão.

E, assim, escrever sobre as vicissitudes da adolescência, como os amores perdidos ou os não correspondidos, simplesmente deixa de fazer sentido. É hora de reinventar-se.

Tenho tentado me reinventar a cada dia, em uma batalha carregada de aprendizados, erros, defeitos e virtudes. E voltar a escrever é só uma das maneiras de encarar a vida. Um escape saudável, eu diria. Já que tenho esse espaço para despejar o meu ponto de vista, ouvir o de outras pessoas e até, quem sabe, mudar de opinião, por que não usá-lo? Crescer também é dar um novo colorido àquela parede cinza esquecida no fundo da mente. É olhar o outro lado daquilo que você, por birra, só quis enxergar de um modo. É ser você mesmo, entendendo de uma vez por todas que precisa das pessoas ao seu redor. Ninguém é uma ilha. Somos um arquipélago em desenvolvimento!

Portanto, acho que está mais do que na hora de voltar a aparecer regularmente por aqui. Não prometo textos espetaculares nem postagens diárias, mas apenas algumas doses daquilo que sempre me fez bem e que a vida adulta estava querendo me roubar: o prazer de escrever.

Já resgatei o bloco de anotações, fiz uma porção de planos, pensei em várias maneiras de colocá-los em prática e só me vem uma coisa na cabeça: viver é absolutamente incrível, apesar de incrivelmente complicado. E só nos resta seguir em frente, com a cabeça erguida, vivendo feito adulto, mas com a alma de criança!