segunda-feira, 8 de setembro de 2014

E agora, São Luís?

Tenho me perguntado se São Luís ainda tem jeito. Se ainda dá pra acreditar nessa ilha idosa, nessa cidade que parece que estagnou sua memória nos anos 80 ou 90, protagonizando o que chamo de Alzheimer urbano. Qual a maior glória de nosso passado recente desde a famigerada nomeação como Patrimônio Cultural da Humanidade? O ano era 1997 e, de lá pra cá, nossas maiores conquistas foram uns 4 shoppings centers e muito, mas muito barzinho e restaurante.

São Luís tornou-se uma cidade cara desnecessariamente. Aqui, quando o assunto é lazer, é bem quisto quem pode esbanjar bastante em uma única noite, preso a opções quase sempre comuns, como a Lagoa da Jansen e a Avenida Litorânea. O chopp dobrado é a premissa e os acidentes de trânsito, já tão corriqueiros, são a grande consequência. Não há parques municipais de fácil acesso ou praças arborizadas para a folga do fim de semana. No meio imobiliário, apartamentos cada vez menores e cada vez mais caros pintam o cenário de uma modernidade que só alcança alguns de nós.

O Centro Histórico, riquíssimo em potencial cultural, está entregue à violência e à falta de gestão. Casarões seculares, que serviram de morada para grandes poetas, agora dão lugar a tristes ruínas. Projetos de décadas nunca saíram do papel e, pelo andar da carruagem de Ana Jansen, nem vão. Principais culpados por essa ingerência, os políticos maranhenses fingem não enxergar o problema, evitando parcerias institucionais entre Estado e Município. Triste de nós se não tivéssemos o IPHAN. Um órgão chato, mas extremamente necessário.

Nosso sistema de transporte vive um colapso. Esperançosos com a promessa da licitação das linhas de ônibus, passamos horas em latas velhas que ligam um extremo ao outro da cidade, através de avenidas planejadas para uma outra época e que não suportam mais o peso de um crescimento forçado. Quem vai de carro, vê seu tempo passar arrastado em meio a tantos engarrafamentos quilométricos. Nossa região metropolitana não é interligada de maneira inteligente e uma das soluções viáveis sob trilhos está guardada em um galpão na entrada da capital, sem previsão para início dos trabalhos.

Praias poluídas, esgoto a céu aberto, saúde mal das pernas, buraqueira lunar e uma proposta de mudança. Sinceramente, não sei se temos o que comemorar nesses 402 anos. Talvez possamos festejar, sim, a garra de um povo que começa a trabalhar cedo (não às 9 da manhã) e que, mesmo cercado de tantos problemas, vai fazendo acontecer nos mais diversos bairros dessa ilha inexata. Talvez possamos comemorar o potencial artístico de nossa gente, dos jovens músicos, atletas, professores, escritores, comerciantes... Aqui é berço de ouro pra quem ama o que faz.

Sei lá o que o futuro me reserva. Já sonhei em ser prefeito dessa cidade, mas deixei de lado essa ideia maluca quando conheci o lado sujo da política. Descobri que existem outros meios de ajudar, evitando o tal do poder. Por amar demais a minha terra, não desisto dela. Não desisto de fazer acontecer todo santo dia, lá na Defensoria Pública, ainda como estagiário, mas em busca de uma justiça que eu nem sei direito se existe, e com o único intuito de ajudar os milhares de ludovicenses que ali nos procuram. Torço para que daqui a um tempo, os filhos destes homens e mulheres saibam reconhecer o valor das pequenas coisas, a fim de que possam transformar São Luís em uma grande cidade. Eu estou fazendo a minha parte enquanto cidadão. E você, o que já fez por sua cidade hoje?

8 de setembro: aniversário de São Luís do Maranhão

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